terça-feira, 15 de abril de 2014

Estudo liga o consumo de café com redução de Risco do cancer de fígado

Pesquisadores dizem ter descoberto uma outra razão para amar café: Um novo estudo sugere que as pessoas que bebem pelo menos um copo por dia têm um risco menor de câncer de fígado em comparação com aqueles que só bebem ocasionalmente.
O estudo foi apresentado nesta quarta-feira na reunião anual da Associação Americana de Pesquisadores de Câncer em San Diego.
Quando o estudo começou na década de 1990, pesquisadores pediram a cerca de 180.000 adultos de diferentes raças e etnias, informações sobre o seu consumo de café e de outros hábitos de vida. Os participantes do estudo foram monitorados por até 18 anos, e os pesquisadores mantiveram o controle sobre quantos desenvolveram carcinoma hepatocelular, o tipo mais comum de câncer de fígado. Até agora, 498 participantes do estudo foram diagnosticados. As pessoas que disseram que bebiam uma a três xícaras de café por dia tiveram uma redução de 29 por cento do risco de câncer de fígado em comparação com aqueles que bebem seis xícaras ou menos por semana. E mais: As pessoas que regularmente tomavam mais de quatro xícaras de café por dia tiveram o risco reduzido em 42 por cento, de acordo com o estudo.
Para colocar isso em números, um em 81 homens e uma em 196 mulheres vão ter câncer de fígado ao longo de suas vidas, de acordo com a American Cancer Society. A redução do risco de 29 por cento reduz as chances de um em 104 para homens e um em 253 para mulheres. Além do mais, essas reduções se mantiveram mesmo depois que os pesquisadores contabilizaram outros aspectos conhecidos por aumentar o risco de uma pessoa para o câncer de fígado, como idade, obesidade, fumar, beber, sexo e diabetes.
No entanto, o estudo só foi projetado para mostrar associação, não para provar uma relação de causa e efeito. Pode haver algo mais comum para os bebedores de café que também reduz o risco de câncer.
Ainda assim, não é o primeiro estudo a revelar tal ligação. Uma revisão publicada no ano passado na revista Clinical Gastroenterology and Hepatology , que combinaram os resultados de 16 estudos diferentes envolvendo mais de 3.200 pacientes, concluiu que beber mais de três xícaras de café por dia pode reduzir o risco de câncer de fígado em até 50 cento.
Um especialista elogiou a pesquisa mais recente. "Este é um estudo muito bem feito", disse Susan Gapstur, vice-presidente de epidemiologia para a American Cancer Society. "Isto se soma ao crescente corpo de evidências de que o café pode estar associado a um risco mais baixo para uma série de tipos de câncer." Além de câncer de fígado, estudos já sugeriram que o café pode ser ligado à redução do risco de cânceres de cabeça e pescoço, câncer colorretal, câncer de próstata e bexiga, endométrio, esôfago e pâncreas.
O que os pesquisadores ainda não descobriram é como o café pode prevenir o câncer. "Isso é o que todo mundo quer saber", disse o autor do estudo V. Wendy Setiawan, professor assistente no departamento de medicina preventiva na Norris Comprehensive Cancer Center USC em Los Angeles. Setiawan diz que o café tem cerca de 100 compostos ativos, incluindo antioxidantes, polifenóis e cafeína. Ele também é conhecido por afetar as enzimas hepáticas. "Neste momento, eu não acho que alguém tenha alguma idéia do que motiva esta proteção", disse ele.
FONTES: V. Wendy Setiawan, Ph.D., professor assistente, Departamento de Medicina Preventiva, Centro de Câncer USC Norris Comprehensive, em Los Angeles; Susan Gapstur, Ph.D., vice-presidente de epidemiologia, American Cancer Society, Atlanta; 09 de abril de 2014, apresentação, da Associação Americana para a reunião anual de Pesquisa do Câncer, San DiegoCopyright (c) 2014 HealthDay . 

Arair Azambuja - Presidente da AMAPHET, Filiada ao MBHV

quinta-feira, 10 de abril de 2014

O temor da encefalopatia hepática


O maior medo de um paciente infectado com hepatite é: primeiro chegar a desenvolver cirroses e depois dela descompensar chegando a um dos estados terminais, que é quando aparecem os sintomas da encefalopatia hepática. 

Na encefalopatia existem quadros mais ou menos graves. Os menos graves apresentam sintomas clínicos imperceptíveis, chegando nos casos graves a levar o paciente ao estado de coma. A gravidade é avaliada pelo médico utilizando geralmente uma escala entre 1 e 4. 

A encefalopatia hepática também pode acontecer em quadros de hepatite aguda, em casos onde não existe doença hepática e a mais normal é a causada por uma doença crônica do fígado. Pode ser episódica ao aparecer por breves períodos ou persistente, quando altera o dia-a-dia do paciente. 

Diversos estudos estimam que até 50% dos pacientes com cirrose poderão chegar a um quadro de encefalopatia. A maioria dos casos de encefalopatia é desencadeada por problemas de infecção ou de hemorragias gastrointestinais. 

O tratamento, em muitos casos até preventivo, é reduzir a produção de amônia, incluindo medicamentos como a lactulosa e antibióticos. 

Uma recomendação a quem já teve algum episódio de encefalopatia é evitar dirigir veículos, pois a qualquer momento, sem aviso prévio, será possível ter um novo ataque, quando então se o paciente estiver dirigindo poderá ocasionar um grave acidente. 

Por tanto, todo paciente que já desenvolveu cirrose deve levar uma vida saudável, com uma alimentação balanceada, com total proibição de bebidas alcoólicas, evitar fumar e praticar alguma atividade física aeróbica. Dessa forma a progressão da cirrose será mais lenta e evitará chegar rapidamente a um quadro de encefalopatia. 


Carlos Varaldo
Grupo Otimismo

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Hepatite - Silenciada por todos



Existem quatro grandes silêncios nas hepatites sendo o silencio dos infectados o mais preocupante, o mais perigoso, o pior dos vírus que pode atacar um ser humano. Quando a epidemia é silenciada pelos próprios infectados as notificações, os óbitos e os meios de comunicação continuarão "silenciosos" e os governos não precisarão se preocupar com o problema. 


- O silencio nas notificações 

Notificar as hepatites, pelo menos no Brasil e em muitos outros países é extremamente burocrático, complicado e demorado. É necessário completar tanta informação que muitos profissionais de saúde não possuindo o tempo necessário simplesmente não notificam. Muito provavelmente mais de 60% dos casos suspeitos de hepatites B e C não estão sendo notificados, não aparecendo nas estatísticas da saúde. 

Para cada abertura de um caso suspeito é necessário se realizar a chamada busca ativa. Não é o profissional de saúde que deve fazer a busca ativa do caso, isso é função da vigilância epidemiológica municipal, mas como faltam funcionários muitas vezes não é realizada e se a busca ativa não é completada em seis meses a notificação que foi aberta vai simplesmente "cair" e não entrara nas estatísticas. Já se chegou ao ponto de vigilâncias epidemiológicas municipais devolverem a ficha ao medico, solicitando que ele procure realizar a busca ativa com os familiares e circulo social, um verdadeiro absurdo. 

Saúde publica se faz para atender demanda. Se as notificações não são realizadas aparentemente o problema não existe e portanto não são necessárias grandes ações por parte do governo. Esconder a realidade parece ser um bom negocio para os governos. 


- O silencio nos atestados de óbitos 

Um problema no mundo todo. Noventa por cento dos infectados com hepatites ainda não foram diagnosticados, pior ainda, apos a morte de uma pessoa será que alguém vai fazer os testes das hepatites? Até em mortes de pacientes cirróticos é comum encontrar a causa da morte como falência generalizada dos órgãos, mas sem identificar a causa da cirrose. 

A hepatite C é "sub-documentada" nos atestados de óbito de pessoas que morrem com a doença. De acordo com um relatório publicado na edição de 12 de fevereiro de 2014 da "Clinical Infectious Diseases" apenas cerca de 20% das pessoas com doença hepática crônica relacionada a hepatite C a doença não aparecia como uma das causas de morte, apesar de a maioria ter evidência de fibrose hepática moderada ou avançada. 

Por tanto, se são poucas as mortes comprovadas por culpa da hepatite o problema também não aparece e não passa a ser um grave problema. Esconder a realidade parece ser um bom negocio para os governos. 


- O silencio dos meios de comunicação 

Muito pouco aparecem na mídia reportagens sobre as hepatites, um tema que ainda não despertou o interesse dos jornalistas. Raramente são realizadas na grande mídia campanhas de grande alcance esclarecendo sobre a doença e alertando sobre a necessidade da prevenção e da realização dos testes das hepatites. 

Por tanto, se a hepatite também não aparece na mídia parecerá não se tratar de um grave problema. Esconder a realidade parece ser um bom negocio para os governos.


- O silencio dos infectados 

A internet trouxe a comunicação e informação instantânea ao alcance de todos, inclusive informação sobre doenças pelo Dr. Google, mas esta provocando uma nova doença que eu chamo de individualismo nas relações sociais. 

Até poucos anos atrás os pacientes procuravam os grupos de apoio para receber informações e isso os tornava participativos ativos nos movimentos reivindicatórios para receber atenção dos governos, mas na atualidade os infectados de uma doença se escondem no anonimato da internet para obter informações, esvaziando a participação social nas demandas coletivas, uma das piores coisas que poderiam acontecer no controle social. 

O Grupo Otimismo está realizando um abaixo assinado utilizando a técnica antiga da folha de papel e solicitando aos voluntários que procurem levantar o maior numero de assinaturas. Muitos questionaram se não era mais fácil e pratico utilizar os sites da internet para abaixo assinados "on line", mas o objetivo, além de pressionar por novos medicamentos é o de tentar estimular a participação dos infectados se envolvendo diretamente, fazendo que sintam fazer parte do processo. Se fosse realizado pela internet todos continuaram "sentados" esperando que desconhecidos assinem a petição, mas não seria uma iniciativa dos maiores interessados: os pacientes. 

Objetivamos com o abaixo assinados em papel sair do marasmo que tomou conta da população. É necessário sair da frente do computador e voltar a interagir socialmente com aqueles que compartilham dos mesmos problemas, é necessário trocar informação pessoalmente e quando necessário participar em grupo para obter melhorias no atendimento na saúde pública. Chegamos ao ponto critico que a falta de participação esvaziou a representatividade da maioria das associações de pacientes de AIDS e de hepatites, muitas das quais até deixaram de fazer reuniões pela falta de procura por parte dos infectados. Como lutar sem representatividade, qual a voz dessas associações? Isso pode até ser considerado um bom negocio para os governos, mas certamente não é nada bom para os pacientes que necessitam de ações positivas por parte dos governantes. 

Por tanto, se levante da cadeira, não espere sentado chegar a morte, acorde antes que seja tarde e vamos voltar aos não tão velhos tempos de quando os problemas se discutiam em grupo presencial, em reuniões entre os próprios interessados. 

Espero e desejo que o abaixo assinado à moda antiga, no papel, possa contribuir para você recuperar sua cidadania e fazer valer sua voz. 

Carlos Varaldo
www.hepato.com
hepato@hepato.com