quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Vertex divulga mortes de pacientes em tratamento de Hepatite C



A Vertex Pharmaceuticals anunciou que um número de pacientes morrereu de reações cutâneas graves depois de tomar Incivek (Telaprevir) como terapia da hepatite C.
A FDA - Food and Drug Administration dos EUA, adicionou hoje o alerta chamado "caixa preta" para o rótulo do Incivek (Telaprevir), dizendo que fatais e não-fatais reacções cutâneas graves foram relatadas em pacientes que tomam Incivek (Telaprevir) em tratamento combinado.
A empresa salientou a importância de deter a terapia depois que uma reação grave na pele é identificada, pois os casos fatais foram o resultado de permanecer em terapia mesmo depois de experimentar uma reação grave.
Reações na pele e erupções cutâneas graves são conhecidos efeitos secundários do Incivek (Telaprevir), e que tem sido previamente reportados. No entanto, esta é a primeira vez que a empresa reporta que tais reacções resultaram em mortes. A empresa não divulgou quantos pacientes morreram.
"A segurança das pessoas que tomam nossos medicamentos é a nossa prioridade, e estamos empenhados em garantir que pacientes e médicos estejam cientes da atualização do rótulo para ajudá-los a usar Incivek (Telaprevir) corretamente",  disse o Dr. Robert Kauffman,  Médico Chefe Oficial da Vertex. "Vamos continuar a orientar os médicos a seguir o plano de gestão de erupção cutânea enquanto o Incivek (Telaprevir) estiver em ensaios clínicos e as informações contidas no rótulo serão atualizadas."
Na Fase 3 de testes clínicos, menos de 1 por cento das pessoas que receberam tratamento combinado com Incivek (Telaprevir) experimentou uma reacção grave na pele. Durante os ensaios clínicos, alguns pacientes foram hospitalizados e todos os pacientes se recuperaram.


Tradução: Arair Azambuja – presidente da AMAPHET – Filiada ao MBHV

A HEPATITE C COMO DOENÇA SISTÊMICA


Escrito por Marilia Gaboardi
Seg, 12 de Dezembro de 2011 19:21

A prevalência global estimada da infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) é de 2,2% , o que corresponderia a 130 milhões de pessoas infectadas em todo o mundo. Embora poucos estudos tenham avaliado a prevalência da infecção pelo HCV no Brasil, um inquérito realizado pela Sociedade Brasileira de Hepatologia revelou que dos 1.173.406 pré-doadores de sangue avaliados, 14.527 (1,23%)

foram reativos para o anti-HCV.

O HCV é ao mesmo tempo um vírus hepatotrópico e linfotrópico, e pode estar associado a doenças hepáticas e extra-hepáticas. A tabela 1 exibe uma classificação proposta para as manifestações extra-hepáticas do HCV onde estas são dividas em quatro categorias. As duas primeiras categorias (A e B) incluem as principais condições associadas ao HCV, para as quais existem evidências suficientes para justificar a investigação do HCV. As categorias C e D reúnem doenças cuja associação com o HCV ainda precisa ser mais bem caracterizada. Nestes casos, a investigação da infecção pelo HCV pode ser recomendada, especialmente nos pacientes que apresentarem outros fatores de risco (transfusão de hemocomponentes, uso de drogas intravenosas, etc), alteração de alanina aminotransferase ou outros indícios de doença hepática.

Devido à possibilidade destas manifestações extra-hepáticas ou inespecíficas, mas também à sua elevada prevalência, o diagnóstico da hepatite C deve ser considerado em uma série de situações fora do contexto do especialista em hepatologia. Este texto tem o objetivo de servir como fonte de informações aos não especialistas de uma forma geral e também aos especialistas de áreas, como nefrologia, reumatologia, angiologia, dermatologia entre outras.



Tabela 1. Classificação das manifestações extra-hepáticas do vírus da hepatite C



Associação definida por alta prevalência e patogênese
Crioglobulinemia mista



B. Associação definida por prevalência maior que em controles

Linfoma não Hodgkin de células B

Gamopatia monoclonal

Porfiria cutânea tarda

Líquen plano



Associação que ainda requer confirmação/melhor caracterização
Tiroidite auto-imune

Câncer de tireóide

Síndrome Sicca

Fibrose pulmonar

Diabetes mellitus

Nefropatias não-crioglobulinêmicas

Aterosclerose da aorta



Observações anedóticas
Desordens psicopatológicas

Psoríase

Neuropatia periférica/central (não relacionada à crioglobulinas)

Poliartrite crônica

Artrite reumatóide

Poliarterite nodosa

Síndrome de Behçet

Polidermatosite

Fibromialgia

Urticária crônica

Prurido crônico

Pseudossarcoma de Kaposi

Vitiligo

Cardiomiopatias

Úlcera de córnea de Mooren

Disfunção Erétil

Eritema acral necrolítico



Fonte: Zignego et al, 2007





Crioglobulinemia mista

A crioglobulinemia mista (tipo II ou III) é a manifestação extra-hepática mais bem documentada da infecção pelo HCV, com prevalência acima de 50% em algumas séries . A crioglobulinemia é caracterizada pela presença imunoglobulinas que se precipitam de forma reversível em baixas temperaturas (< 37º C).

Apenas 10% a 30% dos pacientes portadores do HCV com crioglobulinemia apresentam sintomas e são comuns as queixas de artralgia e astenia nestes casos. Alguns pacientes apresentam uma vasculite sistêmica de pequenos vasos na qual as principais estruturas acometidas são a pele, articulações, rins e nervos periféricos. Os achados específicos de cada órgão serão descritos nas seções abaixo.

Para o diagnóstico é importante a presença de crioglobulinas circulantes. No entanto, pacientes portadores do HCV podem apresentar um quadro clínico sugestivo de síndrome da crioglobulinemia mista, porém inicialmente sem a presença das crioglobulinas. Isso pode acontecer, pois a quantidade de crioglobulinas responsáveis pelo dano vascular é variável ao longo do tempo. Desta forma, é recomendada a repetição da pesquisa das crioglobulinas a cada 6 a 12 meses nos pacientes com sintomas leves e a cada 1 a 2 meses nos indivíduos com manifestações moderadas ou graves que apresentaram crioglobulinas negativas nos exames iniciais. Além disso, pela termolabilidade das crioglobulinas, fatores relacionados à coleta de sangue ou processamento da amostra podem interferir nos resultados e protocolos rígidos são recomendados para a execução deste teste diagnóstico.

Manifestações hematológicas

Trombocitopenia:

A redução do número de plaquetas é um achado freqüente em portadores do HCV e pode estar associada à maior risco de sangramento durante procedimentos invasivos ou limitar a indicação do tratamento antiviral nestes indivíduos . Apesar de usualmente estar associada ao desenvolvimento de formas mais avançadas de doença hepática, a trombocitopenia parece ser multifatorial nos pacientes infectados pelo HCV. O hiperesplenismo, a formação de anticorpos “antiplaquetas” (trombocitopenia auto-imune) e a diminuição da síntese de trombopoetina são mecanismos envolvidos na trombocitopenia dos portadores do HCV .

Linfoma:

Vários estudos descreveram a associação entre a infecção pelo HCV e o desenvolvimento de linfoma não-Hodgkin (LNH) de células B. Uma metanálise de 48 estudos concluiu que a prevalência de hepatite C nos portadores de LNH de células B foi de 15%, o que é significativamente maior do que o observado na população geral (ao redor de 1,5%). Um estudo caso-controle realizado posteriormente encontrou risco aumentado de linfoma difuso de grandes células B, linfoma da zona marginal e linfoma linfoblástico. É sugerido que a crioglobulinemia secundária ao HCV pode progredir para o LNH e isso foi demonstrado em estudos que avaliaram testes genéticos moleculares em células de medula óssea de portadores do HCV com crioglobulinemia clinicamente ativa. É provável, entretanto, que a crioglobulinemia ocorra em conseqüência de uma estimulação crônica do sistema imune pelo HCV e esta, por sua vez, predisporia a desordens linfoproliferativas.

Gamopatias monoclonais:

Entre as manifestações extra-hepáticas do HCV, uma gamopatia monoclonal, mais frequentemente do tipo IgM/k, tem sido descrita. Na maioria dos casos em portadores do HCV, as gamopatias monoclonais são consideradas no grupo das gamopatias de significado indeterminado (MGUS), as quais devem ser monitoradas com a finalidade de excluir a pequena possibilidade de evolução para mieloma múltiplo.

Manifestações renais

Doenças glomerulares podem ocorrer em pacientes portadores crônicos do HCV. Os padrões mais comuns são a glomerulonefrite membranoproliferativa (usualmente associada à crioglobulinemia mista) e, menos frequentemente, glomerulonefrite membranosa. Uma elevada prevalência de marcadores do HCV em pacientes com glomerulonefrite membranoproliferativa associada à crioglobulinemia tem sido observada. A patogênese parece estar relacionada à deposição de imunocomplexos contendo anti-HCV e HCV-RNA nos glomérulos.

Manifestações auto-imunes

Um significativo número de manifestações auto-imunes foi associado à infecção pelo HCV. Entre elas se destacam a formação de auto-anticorpos, a doença tireoidiana e a sialadenite.

Formação de auto-anticorpos:

Auto-anticorpos são comuns em pacientes cronicamente infectados pelo HCV. Fator antinúcleo (FAN), fator reumatóide, anticorpos anticardiolipina, anticorpos anti-músculo liso ou anticorpos antitireoidianos são encontrados em 40 a 65% dos pacientes. Estes anticorpos estão normalmente presentes em baixos títulos e não parecem influenciar o curso da doença ou a resposta ao tratamento. No entanto, a presença destes autoanticorpos é de difícil interpretação e podem dificultar o diagnóstico de doenças reumatólogicas associadas.

Doenças da tireóide:

As doenças da tireóide são comuns em pacientes com infecção crônica pelo HCV, especialmente nas mulheres mais idosas. De uma forma geral, anticorpos antitireoidianos estão presentes em 5% a 17% dos portadores do HCV, e doença tireoidiana, especialmente hipotireoidismo, ocorre em 2% a 13% dos pacientes. Além disso, as doenças tireoidianas (especialmente o hipotireoidismo), bem como outros fenômenos imunomediados podem ocorrer após o tratamento da hepatite C com interferon.

Sialadenite:

Uma sialadenite linfocítica sugestiva de Síndrome de Sjögren foi descrita em portadores do HCV. Um estudo com 137 pacientes com Síndrome de Sjögren e hepatite C demonstrou que os achados clínicos e imunológicos nestes indivíduos são indistinguíveis daqueles observados nos pacientes sem infecção pelo HCV. De forma semelhante, uma prevalência elevada de hepatite C tem sido observada em portadores da Síndrome de Sjögren.

Manifestações Dermatológicas

Porfiria cutânea tarda:

A porfiria cutânea tarda (PCT) é uma doença de pele causada pela redução da atividade da uroporfirinogênio descarboxilase e é caracterizada por fotossensibilidade, fragilidade da pele, hematomas e vesículas ou bolhas que podem se tornar hemorrágicas. Existe uma forte associação entre a forma esporádica da PCT e a infecção pelo HCV, porém o mecanismo preciso pelo qual o HCV age como gatilho na PCT ainda é desconhecido. Todos os pacientes com PCT devem ser rastreados com a sorologia para a hepatite C.

Vasculite leucocitoclástica:

A vasculite leucocitoclástica ocorre em conjunto com a crioglobulinemia mista, e é evidenciada por púrpura palpável e petéquias que usualmente acometem as extremidades inferiores. Biópsias de pele demonstram vasculite cutânea com destruição dos vasos da derme associada a infiltrado neutrofílico dentro e ao redor da parede do vaso.

Líquen plano:

O líquen plano (LP) é caracterizado por lesões achatadas, violáceas, e pápulas pruriginosas com uma distribuição generalizada. Pode acometer as mucosas, cabelo e unhas. O líquen plano pode ocorrer em uma série de doenças hepáticas, principalmente avançadas. Apesar da sorologia para hepatite C ser reagente em 10% a 40% destes pacientes, uma relação causa-efeito clara ainda é incerta.

Conclusões

A hepatite C está associada a um grande número de manifestações extra-hepáticas e atualmente pode ser considerada uma doença sistêmica. O reconhecimento destas manifestações pode permitir um manejo mais adequado dos pacientes, bem como a prevenção de complicações relacionadas ao atraso no diagnóstico. Apesar de não haver uniformidade nas recomendações, a investigação da hepatite C deverá ser realizada, especialmente no caso de doenças em que a associação com a infecção pelo HCV está mais bem definida (categorias A e B da tabela 1).



Fonte:

Sociedade Brasileira de Hepatologia

Dr.Leonardo de Lucca Schiavon

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Quais medicamentos são totalmente proibidos durante o tratamento com os inibidores de proteases?



A seguir uma relação de medicamentos identificados pelo seu principio ativo e sua principal indicação terapêutica (pode ter outras indicações) que são totalmente contraindicados quando o tratamento da hepatite C for realizado com os inibidores de proteases telaprevir ou boceprevir.

Existem muitos outros medicamentos que podem ter seu efeito aumentado ou diminuído quando do tratamento com boceprevir ou telaprevir.
 

Nunca, sob nenhuma hipótese o boceprevir ou o telaprevir devem ser utilizados com qualquer um dos seguintes medicamentos (principios ativos), sob grave risco para o paciente. 

Alfuzosina - é um medicamento utilizado para tratamento da próstata.
 

Bepridil - um bloqueador do canal de cálcio utilizado para o tratamento de angina. Não pode ser utilizado quando o tratamento é realizado com boceprevir ou telaprevir.
 

Carbamazepina - é utilizada no tratamento da epilepsia.
 

Cisaprida - é um medicamento utilizado para tratar o refluxo gastro-esofágico.
 

Dihidroergotamina - é usada no tratamento da dor de cabeça (enxaqueca).
 

Ergonovina - medicamento utilizado na obstetrícia.
 

Ergotamina - é usada no tratamento da dor de cabeça (enxaqueca).
 

Erva de São João (Hypericum perforatum) - é utilizada como medicamento natural antidepressivo.
 

Fenitoina - é usado no tratamento da epilepsia.
 

Fenobarbital - é o barbitúrico mais antigo, muito utilizado na atualidade.
 

Halofantrina - é um medicamento utilizado para tratar a malária.
 

Imatinib (Glivec) - é usado no tratamento de pacientes adultos com leucemia .
 

Lovastatina - é um medicamento utilizado para tratar o colesterol.
 

Lumefantrina - é um medicamento utilizado para tratar a malária.
 

Midazolan (oral) - ansiolítico indicado para o tratamento de curto prazo da insónia.
 

Pimozida - é um medicamento antipsicótico.
 

Rifampicina - antibiótico bastante utilizado no tratamento das diversas formas de tuberculose e hanseníase e, também, indivíduos que mantiveram contato com portadores de meningite meningocócica.
 

Sildefanil (Viagra®) - quando indicado para o tratamento da hipertensão arterial pulmonar.
 

Sinvastatina - é um medicamento utilizado para tratar o colesterol.
 

Sunitinib - é usado no tratamento do câncer.
 

Tadalafil (Cialis®) - quando indicado para o tratamento da hipertensão arterial pulmonar.
 

Triazolam - ansiolítico indicado para o tratamento de curto prazo da insónia.
 

Fonte: http://hep-druginteractions.org 


Agência de Notícias
das Hepatites

domingo, 16 de dezembro de 2012

Quebrando um mito - É rara de acontecer a transmissão sexual em casais monogâmicos


A conceituada revista "Hepatology" publica uma pesquisa sobre a transmissão sexual da hepatite C em casais, quando um dos dois parceiros se encontra infectado com hepatite C.

Um total de 500 casais, nos quais um dos parceiros se encontrava infectado com hepatite C, foram acompanhados durante oito anos, todos eles praticando sexo geralmente sem camisinha, monogâmicos, declaradamentes sem praticar sexo com outras pessoas, a não ser o parceiro único. Nenhum dos participantes estava infectado com HIV/AIDS.

Os casais eram entrevistados para fatores de risco de transmissão da hepatite C, praticas sexuais realizadas e compartilhamento de itens pessoais de higiene. Todos foram testados para anticorpos (anti-HCV), HCV/RNA (carga viral), genótipo e serotipo (o serotipo identifica a família do vírus dentro do genótipo, uma espécie do DNA do vírus determinando pela sequencia filogenética).

Estudos anteriores são controversos, mas todos mostram que a transmissão sexual é rara, obtendo resultados entre zero e 5% em casais heterossexuais estáveis, encontrado um risco maior em populações infectadas com HIV/AIDS, indivíduos com múltiplos parceiros sexuais e homens que fazem sexo com homens, pesquisas essas realizadas na década passada.

A pesquisa publicada no "Hepatology" tentou determinar a real possibilidade de transmissão sexual da hepatite C em casais heterossexuais monogâmicos identificando especificamente os tipos de pratica sexual associadas a esse risco. Os pacientes do estudo foram recrutados entre os anos de 2000 e 2003 no norte da Califórnia, nos Estados Unidos. A analise incluía casais com relação sexual entre 3 e 15 anos, resultando em uma média de oito anos de atividade sexual ativa no total do grupo. Não foram incluídos usuários de drogas nem pessoas com HIV/AIDS.

Resultados:

- Dos 500 casais participantes que no inicio do estudo o parceiro se encontrava indetectável, em 20 deles aconteceu um contagio com hepatite C, representando 4% do total de casais;

- Analisado o genótipo, em 11 desses casos de infecção o genótipo era diferente ao do parceiro, confirmando que a infecção não aconteceu pelo parceiro. Somente em 9 casos o genótipo era o mesmo, o que presumia a transmissão entre os parceiros em 1,8% dos participantes;

- Mas ao se realizar o exame de serotipo foi encontrado que o genótipo existente era de uma família diferente em seis desses infectados, restando somente 3 infectados nos quais pode se assegurar que a transmissão aconteceu desde o parceiro, representando somente 0,6% no total dos participantes do estudo.

- Com base nesses resultados os pesquisadores concluíram que ao acompanhar um total de 8.377 pessoas/ano, a prevalência de infecção da hepatite C entre os parceiros sexuais é no máximo de 1,2%, o que representa uma incidência máxima de transmissão sexual de 0,07% ao ano, ou uma nova infecção a cada 190.000 contatos sexuais.

- Além disso, a análise não conseguiu encontrar uma ligação entre a transmissão da hepatite C com qualquer atividade sexual específica.

Esclarecem os autores que a transmissão sexual pode acontecer quando fluidos do corpo infectados entram em contato com as mucosas, já que o vírus é encontrado em todos os fluidos do corpo humano, mas geralmente os níveis são pequenos e insuficientes para transmitir a doença. Um baixo nível de vírus no esperma ou nas secreções vaginais pode ser razão pela qual o vírus da hepatite C se transmite de forma menos eficiente que o vírus da AIDS ou da hepatite B.

Esclarecem, também, que os resultados são somente aplicáveis a casais heterossexuais monogâmicos, sem HIV/AIDS. Pessoas com múltiplos parceiros sexuais, HIV/AIDS positivos, gays, bissexuais e homens que fazem sexo com homens estão em maior risco de infecção pela hepatite C. Não existem estudos realizados em mulheres lesbianas.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Sexual Transmission of HCV among Monogamous Heterosexual Couples: the HCV Partners Study.- Terrault NA , Rodeio JL, Murphy EL, Tavis JE, Kiss A, Levin TR, R Gish, Busch M, Reingold AL, Alter MJ. - Hepatology (on-line). 2012 Nov 23. doi: 10.1002/hep.26164

Agência de Notícias
das Hepatites

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Hepatite C - Tratar agora ou aguardar por novos medicamentos?


Em curto e médio prazo, isto é, entre 3 e 6 anos, novos medicamentos para o tratamento da hepatite C chegarão ao mercado. Por enquanto existe a duvida se estarão disponíveis medicamentos 100% orais ou se o interferon continuará sendo necessário combinado com esses medicamentos, mas que novos medicamentos chegarão, quanto a isso ninguém mais duvida. 

Certamente os novos medicamentos serão mais eficazes, toleráveis e seguros, o tratamento terá duração menor e servirão para todos os genótipos da hepatite C. 

A perspectiva de novas terapias levanta a questão de saber se o tratamento deve ser realizado agora ou se se deve esperar a chegada de novos medicamentos. Uma decisão difícil já que são muitos os fatores que devem ser considerados na decisão, fatores esses que atuam com maior ou menor celeridade em cada indivíduo. 

Não existe uma formula matemática que possa assegurar com total certeza qual será o quadro de dano hepático ou gravidade de um paciente daqui a três, quatro ou mais anos. Cada caso é um caso totalmente diferente. Por isso o médico simplesmente sugere, sendo então o paciente que deve tomar a decisão de tratar ou aguardar, sob sua inteira responsabilidade. 

Mas algumas situações podem, sim, ser consideradas na tomada de decisão, vejamos quais: 

1 - TRATE AGORA: 

- Infectados com o genótipo 1, com cirrose (F4) ou fibrose avançada (F3) sejam pacientes nunca antes tratados ou pacientes não respondedores a um tratamento anterior; 

- Infectados com os genótipos 2, 3, 4, 5 e 6, com cirrose (F4) ou fibrose avançada (F3) nunca antes tratados; 

- Infectados com hepatite C que apresentam manifestações extrahepáticas causadas pelo vírus C. 


2 - AGUARDAR NOVAS TERAPIAS: 

- Infectados com o genótipo 1, com fibrose F0, F1 ou F2 com resposta NULO a um tratamento anterior; 

- Infectados com os genótipos 2 ou 3, com recidiva ou não respondedores a um tratamento anterior; 

- Infectados com intolerabilidade ou baixa adesão ao interferon peguilado ou a ribavirina; 

- Contraindicações ao interferon peguilado ou a ribavirina. 


3 - PARA AVALIAR COM MUITO CRITÉRIO: 

- Infectados com o genótipo 1, com fibrose F0, F1 ou F2 não respondedores ou recidivantes a um tratamento anterior; 

- Infectados com os genótipos 2, 3, 4, 5 e 6, com fibrose F0, F1 ou F2, nunca antes tratados; 

- Infectados com qualquer genótipo, com fibrose F3 ou F4, com resposta parcial ou nulos de resposta a um tratamento anterior. 


4 - FATORES PRINCIPAIS A SEREM CONSIDERADOS PARA TOMAR A DECISÃO: 

- O grau de fibrose e a gravidade da doença hepática; 

- A resposta anterior a um tratamento; 

- A tolerabilidade ao interferon peguilado e a ribavirina. 

- O genótipo; 

- A existência de comorbidades; 

- A vontade do paciente, as consequências no tipo de trabalho do paciente, o planejamento familiar, a situação econômica e outras questões pessoais; 

- A possibilidade nos infectados com o genótipo 1 de utilização dos inibidores de proteases, excluindo todas as contraindicações e interações medicamentosas; 

- O resultado do teste IL28B. 

Agência de Notícias
das Hepatites

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Jantar dos Muralistas





O Grupo Amarantes esteve presente ao tradicional jantar dos muralistas do SG ON LINE. Falamos muito de política, saude, educação e jornalismo é claro. Nosso fraterno abraço a todos, um Feliz Natal e Próspero Ano Novo.

Claudio Costa
Grupo Amarantes

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

AASLD 2012 - Existe alguma associação entre hepatite C, Diabetes e doenças cardiovasculares?

Já está comprovado que o vírus da hepatite C afeta o metabolismo provocando o aumento da resistência a insulina, levando em muitos casos ao aparecimento do diabete tipo 2. Pesquisadores dos Estados Unidos estudaram outras alterações metabólicas que possam ser aumentadas pela hepatite C, em especial a pressão arterial e doenças cardiovasculares. 
Foram analisados dados do NHANES (Instituto Nacional de Saúde e Nutrição) realizado pelo Centro de Estatísticas em Saúde dos Estados Unidos entre os anos de 1999 e 2010 de um total de 62.160 indivíduos para avaliar a associação do vírus da hepatite C com aqueles com pressão arterial sistólica acima de 140 ou, diastólica acima de 90, o uso de medicamentos hipertensivos, a glicose em jejum acima de 126 mg/dl, a utilização de medicamentos para diabetes, a resistência a insulina medida pelo índice HOMA acima de 3 e a historia clínica de cardiopatia isquêmica, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC). 
Do total dos 62.16 históricos analisados foram selecionados por completar os critérios um total de 19.741 adultos. Entre eles 304 pacientes (1,54%) apresentavam resultados positivos de anticorpos para hepatite C e 179 pacientes (0,79%) um resultado positivo no PCR (carga viral).  
Entre os infectados com hepatite C foi encontrado que 44,1% apresentavam resistência a insulina medida pelo índice HOMA, superior a 3, contra 31,1% dos indivíduos sem hepatite C. A hipertensão, acima de 140 afetava 40,1% dos infectados com hepatite C e somente 28,9% dos não infectados. Entre os infectados com hepatite C 76,2% eram fumantes, contra somente 29,9% dos não infectados.  
Ao realizar a analise multivariada eliminando os fatores de risco conhecidos, os pesquisadores encontraram que os infectados com hepatite C ativa (carga viral positiva) apresentavam 220% maior possibilidade de ter resistência a insulina que entre os não infectados, que a prevalência de diabetes era 290% maior que na população sem hepatite C e a hipertensão com pressão acima de 140 era 220% superior que entre os indivíduos não infectados. Concluem os pesquisadores que a infecção com a hepatite C pode predispor os pacientes para complicações cardiovasculares.  
Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
AASLD 2012 - Abstract 962 - Association of Hepatitis C Virus (HCV) with Diabetes Mellitus (DM), Hypertension (HTN) and Cardiovascular Diseases (CVD) - Z. M. Younossi; M. Stepanova; C. Venkatesan; Z. Younoszai; M. Srishord; A. Mishra.

Agência de Notícias
das Hepatites

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Aspirina protege o fígado? Diminui a possibilidade de morrer por doença hepática? Consegue prevenir o aparecimento de câncer hepático?

Antes de ler o texto sobre a aspirina para proteger o fígado fique sentado, respire fundo para então poder meditar e avaliar com muita calma

O "Journal of the National Cancer Institute" publica pesquisa informando que antiinflamatórios não esteroides, principalmente aspirina, pode ajudar a prevenir problemas hepáticos graves, conforme um grande estudo observacional sugere. (Os anti-inflamatórios não esteroides (abreviadamente, AINEs ou NSAIDs, do inglês Nonsteroidal anti-inflammatory drugs) são medicamentos destinados a controlar a inflamação, reduzir a dor, e a febre).

O estudo foi realizado de forma observacional pelo Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos incluindo 300.504 homens e mulheres com idade entre 50 e 71 anos que relataram o uso de aspirina e antiinflamatórios não esteroides os quais foram acompanhados por um período entre 10 e 12 anos.

Pesquisas já demonstraram que a inflamação crônica do fígado é um dos processos que podem desenvolver o câncer de fígado. Outras pesquisas comprovam que o uso de aspirina e antiinflamatórios não esteroides, por causa das propriedades antiinflamatórias são amplamente utilizados para prevenção de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, do câncer colo retal e de outros canceres. Os pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos estudaram então se a diminuição da inflamação do fígado utilizando aspirina ou antiinflamatórios não esteroides poderia ter algum efeito benéfico no fígado.

Analisando os dados históricos foi encontrado que usuários de aspirina ou antiinflamatórios não esteroides estavam 41% menos propensos a desenvolver câncer no fígado e 45% menos probabilidade de morrer por causa da doença hepática que os indivíduos que não faziam uso de aspirina ou antiinflamatórios não esteroides. Não entanto ainda não ficou clara a relação entre o uso de aspirina ou antiinflamatórios não esteroides e os prováveis benefícios relatados no estudo.

Ao analisar os dados por tipo de medicamento foi encontrado que os indivíduos que utilizavam aspirina obtiveram um beneficio superior que os que faziam uso dos antiinflamatórios não esteroides. Entre eles a probabilidade de desenvolver câncer no fígado era 51% menor e a probabilidade de morrer por problemas hepáticos 50% menor.

A associação, se confirmada, pode abrir novas perspectivas para prevenção do câncer de fígado e da sobrevida dos doentes de fígado em geral. Mas alguns especialistas alertam que enquanto a aspirina pode ser útil para proteger de problemas cardiovasculares ainda é cedo para se afirmar com segurança que pode proteger o fígado.

Os pesquisadores concluem que os resultados devem ser observados com cautela e que estudos retrospectivos são necessários para comprovar e validar os resultados.

MEU COMENTÁRIO

ATENÇÃO: Alerto que a aspirina e os antiinflamatórios não esteroides podem provocar hemorragias internas, motivo pelo qual devem ser evitados por aqueles que apresentam problemas de coagulação, contagem baixa das plaquetas, pacientes com cirrose descompensada, etc.. Aspirina e os antiinflamatórios não esteroides somente devem ser utilizados com recomendação medica, a automedicação pode ocasionar sérios problemas, inclusive a morte de quem possui uma doença que ataca o fígado.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Nonsteroidal Anti-inflammatory Drug Use, Chronic Liver Disease, and Hepatocellular Carcinom - Vikrant V. Sahasrabuddhe , Munira Z. Gunja , Barry I. Graubard , Britton Trabert ,Lauren M. Schwartz , Yikyung Parque , Albert R. Hollenbeck , Neal D. Freedman , Katherine A. McGlynn- Journal of the National Cancer Institute - 10.1093/jnci/djs452


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