sábado, 22 de outubro de 2011

domingo, 16 de outubro de 2011

Capacitação em São Paulo













Nos dias 8 e 9 de outubro, participamos da Assembléia da AIGA e de uma capacitação sobre a nova medicação que está por entrar no mercado, para tratar a Hepatite C. Os Inibidores de Protease, como é chamada a nova medicação que vai fazer parte do Protocolo do MS para tratamento da Hepatite C , deve chegar no mercado em março de 2012, pois ja foi aprovado pelo FDA (EUA) e pela ANVISA. Deve aumentar dos modestos 55% para 80% o nº de pacientes curados, com a chegada dos novos medicamentos. Porém devemos ter consciência dos efeitos colatarais da nova medicação, e agora é mais importante que nunca, que os portadores de hepatite participem das reuniões dos Grupos de Apoio, tanto para esclarecimento da medicação que está por vir, como também para discutir com o seu médico a nova terapia que esta para ser incluida. É uma honra para nós sermos integrantes da Aliança Independente dos Grupos de Apoio - AIGA, que foi formada para alavancar o tratamento das hepatites no Brasil. Nossos agradecimentos a Carlos Varaldo - Presidente da AIGA, Dr Evaldo Stanislau - Infectologista de SP, Chico Martucci - Presidente da ONG - C TEM QUE SABER, Maria Candida do Grupo Genesis, e todos os outros parceiros (as) integrante da AIGA.

Claudio Costa

Grupo Amarantes














sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Hepatites Virais no Estado do RJ – A Rota da Desigualdade

Totalmente diferente de São Paulo, onde, em 2011, cerca de 5.935 portadores de hepatites se encontram em tratamento, o Estado do Rio de Janeiro no mesmo ano, não chegou nem a 10% do total de tratados em SP. Com apenas 433 pacientes em tratamento, sendo que cerca de 100 pacientes estão se tratando no Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP), este é o perverso reflexo de um modelo de saúde, onde o profissional médico é obrigado a fazer escolhas do tipo “quem devo tratar”.

Chegamos ao ponto de o médico receber ordens diretas das Secretarias Municipais de Saúde, de quais exames ele pode pedir ou não. O Presidente do Grupo Amarantes de Apoio a Portadores de Hepatites, Cláudio Costa, agradece à Professora Eliane Bordallo a sua cura, no tratamento recebido no Hospital Universitário Antonio Pedro. “Após dois tratamentos que levaram cerca de dois anos consegui negativar o vírus da Hepatite C", diz Cláudio Costa.

Na cidade do Rio de Janeiro temos o maior Complexo de Tratamento de todo o Estado: Fundão, Hospital Geral de Bonsucesso, Hospital da Lagoa, Gafree Guinle, IASERJ... Ao atravessarmos a Ponte Rio-Niterói, temos somente o Hospital Universitário Antônio Pedro, que hoje é o grande responsável pelo tratamento em toda Região Metropolitana II: Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Rio Bonito, Maricá e Tanguá. A via cruciscomeça quando o paciente descobre a doença e tem que se locomover até a rua do Resende no RJ. Lá ele vai fazer os exames de biologia molecular, PCRs e Genotipagem, o que pode levar uns três meses; depois faz a biopsia do fígado, para ver o comprometimento, e ai então o médico vai poder decidir se trata ou não.

A biopsia pode levar até um ano, depende de vaga, material etc... Só depois de concluída a biopsia hepática é que o médico decide pelo tratamento ou não. Se o paciente tiver uma fibrose em grau 1, não pode tratar. A fibrose hepática são pequenas cicatrizes que começam a aparecer no fígado devido a sua inflamação, chegando ao grau 4 é considerada uma cirrose. Segundo protocolo do MS, só é tratado quem tiver fibrose em grau 2 em diante. “É no mínimo absurdo, só são tratados os casos mais graves, e o caminho natural da doença é agravar com o passar do tempo, independente dos hábitos alimentares, se ingere bebida alcoólica ou não - o que também pode piorar o quadro clínico. A Hepatite C pode levar os portadores a uma cirrose hepática, transplante de fígado, ou CA, se não for tratada a tempo”.

Infelizmente, tanto em Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, o único Centro de Tratamento para Hepatites Virais é o HUAP. Devido à falta dos Polos de Aplicação (local onde os pacientes se reúnem para tomar a injeção), o tratamento continua estagnado no Estado e os pacientes têm que se dirigir a Niterói e aguardar vaga no Antônio Pedro. Se houvesse vontade política de resolver a questão, seriam criados polos de aplicação dentro dos municípios e o Hospital Antonio Pedro faria o acolhimento dos pacientes mais graves.

Ignorar este grave problema de saúde pública é “praticar o genocídio em massa", diz Cláudio Costa. Os polos de aplicação, além de tratarem um número muito maior de pacientes, dão uma resposta de até 15% a mais de curados. Isto sem contar que, com as sobras dos outros interferons (a dosagem é de acordo com o peso do paciente) juntando-se as sobras de outras ampolas do medicamento consegue-se um número maior de tratamentos. “São mais pessoas sendo tratadas com o mesmo número de ampolas de interferon; isto diminui muito o dinheiro gasto com medicamento também, já que com o tratamento individualizado ( o indivíduo tomando em casa) as sobras são desprezadas”.

Para piorar a situação em São Gonçalo, o portador de hepatites tem que ir duas vezes ou mais se não tiver chegado o medicamento, na Farmácia Estadual da Praça 11. Tudo isto porque São Gonçalo ainda não tem uma Farmácia de Medicamentos Excepcionais, que tinha previsão de funcionar no prédio do antigo Pronto Socorro de Alcântara. “Segundo Dr Daniel Jr., nosso ex-secretário de saúde, a farmácia seria inaugurada em dezembro do ano passado. Com a saída do Dr. Daniel da Secretaria de Saúde, eles sequer falam do problema”.

O Município de Itaboraí, com um número bem menor de habitantes, disponibiliza os medicamentos para hepatites em sua farmácia. “O exemplo de Itaboraí mostra que, quando o gestor quer, ele faz. O agravante em Itaboraí é não tratar seus munícipes. Os efeitos colaterais de um tratamento podem ser: anemia, alteração de humor, depressão profunda e queda de cabelo, entre outros. Bem, podemos ver que pegar um carro ou um ônibus até um centro de tratamento pode levar mais de 2 horas - não é este o desejo de quem está se tratando.

"Quando os governantes começarem a olhar para nós e pensar que poderiam ser eles a estar no nosso lugar, pode ser que a gente consiga equacionar o problema. Enquanto isso, só nos resta lutar; lutar por dignidade, lutar por vida e, acima de tudo, para a população acordar para o problema, pois, segundo pesquisa nacional, 51% das pessoas desconhecem a Hepatite C.

“Hepatites Virais, não deixe este silêncio fazer parte de sua vida!!!”



Claudio Costa