quarta-feira, 21 de julho de 2010

SUS expande vacina contra hepatite B

21 de julho de 2010 | 0h 00
O Ministério da Saúde aumentou o número de grupos prioritários para a vacinação gratuita contra a hepatite B e o total de unidades públicas onde o imunizante pode ser aplicado.
•Fabiane Leite - O Estado de S.Paulo

Gestantes após o terceiro mês de gravidez, manicures, pedicures, podólogos, mulheres que fazem sexo com mulheres, travestis, portadores de doenças sexualmente transmissíveis e do sangue e populações de assentamentos e acampamentos são os novos beneficiados pela cobertura do imunizante via Sistema Único de Saúde (SUS).

Antes restrita, a vacina pode ser tomada agora em qualquer posto de saúde - são 60 mil novos locais.

Para dar conta da nova demanda, foram compradas mais 18 milhões de doses da vacina do Instituto Butantã, do Estado de São Paulo, além das 15 milhões que eram usadas todos os anos, segundo informações da pasta.

"Estamos aumentando gradativamente a população atendida e a ideia é tornar a vacinação universal", afirmou Ricardo Gadelha, coordenador de hepatites virais do Ministério da Saúde.

A hepatite B é uma doença que pode levar a lesões e câncer de fígado. Transmitida pelo sangue, esperma e secreção vaginal, atinge quem faz sexo sem camisinha ou compartilha objetos contaminados por sangue, como lâminas de barbear e alicates de unha.

A doença, que também pode ser transmitida da mãe para o bebê, é o único tipo de hepatite para o qual existe vacina específica. Mas a imunização também protege contra o vírus da hepatite D, que parasita o B. Existem ainda as hepatites causadas pelos vírus A (transmitido por água e alimentos contaminados) , C (pelo sangue, como a B, mas raramente por via sexual) e E (por alimentos e água contaminados) , que não têm vacina e também geram danos ao fígado.

O imunizante contra a hepatite B fazia parte do calendário de vacinação dos recém-nascidos e das crianças e adolescentes entre 1 e 19 anos, além de outros grupos vulneráveis, como homens que fazem sexo com homens.

Segundo Gadelha, no entanto, a vacina estava disponível somente em centros de referência, o que dificultava, por exemplo, o acesso à vacina nos pequenos municípios que não têm essas unidades. Agora ela estará disponível em todas as salas de vacina do Sistema Único de Saúde, promete a pasta.

A reportagem contatou postos de saúde na capital paulista nas últimas semanas e não teve dificuldade para encontrar a vacina disponível.

Cobertura baixa. O Ministério da Saúde registra, porém, coberturas ainda inadequadas da vacina entre adolescentes, população que deveria estar com a imunização em dia.

Segundo dados da própria pasta, apenas 71% estão imunizados contra a doença na faixa dos 11 aos 14 anos e somente 52% na dos 15 aos 19. Enquanto isso, entre crianças, as taxas são todas acima de 94%.

Questionado se não deveria ser priorizada a correção das coberturas atuais antes de se expandir os grupos prioritários, o Ministério da Saúde informou que a taxa ideal é difícil de ser atendida porque a aplicação da vacina ocorre em três doses.

"Por isso a estratégia de campanha (em massa) não é adequada para esse tipo de vacina. No entanto, os municípios têm buscado adotar medidas para intensificar a vacinação ", afirmou o ministério.

Ainda segundo a pasta, a ampliação dos grupos prioritários poderá auxiliar a melhora dos índices também nos grupos deficitários.

"Essa ampliação dos grupos atende uma solicitação que tínhamos feito", diz Raymundo Paraná Filho, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia (que trata das doenças do fígado). De acordo com ele, a vacina é oferecida gratuitamente somente em cerca de 40% dos países, entre eles o Brasil.

"No entanto, a cobertura em determinadas faixas ainda é um desastre. Até na classe médica há desconhecimento sobre a necessidade da vacina. Faltam grandes campanhas na mídia", diz Paraná Filho, que enfatiza que é possível aumentar a cobertura com investimentos e vontade política dos gestores da saúde pública. "Era de se esperar mais esforços. Na gripe suína houve investimento e se conseguiu atingir as coberturas." / COLABOROU LUCIANA ALVAREZ

Cobertura
Crianças e adolescentes
Ao nascer e com 1 e 6 meses. E três doses, dos 11 aos 19 anos.

Públicos cobertos
Abusados sexualmente e acidentados com material infectado; pessoas que fizeram sexo com portador da doença; pessoal da saúde; doentes crônicos do fígado e rins; imunodeprimidos, doadores de sangue e receptores de muitas doações;transplantados e doadores; pessoas que vivem com portadores; pacientes com fibrose cística, doença autoimune, indígenas; usuários de drogas injetáveis; presidiários, reclusos em hospitais; carcereiros; homens que fazem sexo com homens; profissionais do sexo; coletores de lixo; atuantes em
resgates; policiais; pessoas sem baço.

Novos públicos
Gestantes após o 3º mês; manicures, pedicures, podólogos; mulheres que fazem sexo com mulheres; transgêneros; caminhoneiros; portadores de DSTs,doenças no sangue, hemofílicos,assentad os e acampados.

domingo, 18 de julho de 2010

Deu nos jornais - Tudo para o trem-bala, nada para a saúde

Brasília, 15 de julho de 2010 - Camara de deputados

O anúncio feito pelo Governo Federal de implantação de um sistema de trem-bala entre Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro deixou deputados e senadores da Frente Parlamentar da Saúde indignados. A obra vai custar R$ 36 bilhões de Reais, sendo que R$ 19,9 bilhões sairão do Tesouro Nacional, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES.

O problema é que, mais uma vez, o setor de saúde, que passa por uma das mais graves crises da história, continua sendo deixado à margem das prioridades e deve amargar um rombo de pelo menos R$ 4,8 bilhões em 2010, o que pode levar o Sistema Único de Saúde (SUS) à falência.

O presidente da Frente Parlamentar da Saúde, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), lamentou que, no mesmo momento em que o presidente Lula anunciava o projeto do trem-bala, o líder do Governo na Câmara, deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), sepultava de vez, na reunião das lideranças partidárias, a votação da regulamentação da Emenda Constitucional 29, considerada a solução para os desvios orçamentários da saúde, prática comum entre os Estados e a União, e para o desfinanciamento do SUS. A matéria está na Câmara e resta apenas a votação de um Destaque para que ela possa seguir para a apreciação do Senado.

“Será que nós vamos ter que colocar na mesa do Lula os 12 mil atestados de óbito das 12 mil mulheres que morreram de câncer de mama no ano passado no Brasil por falta de diagnóstico precoce e de tratamento? É muito triste. Ainda há tempo para o Governo Lula olhar para as dificuldades do Sistema Único de Saúde”, desabafou Darcísio Perondi.

Claudio Costa
Grupo Amarantes

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Aumentam os casos de câncer de fígado

Pesquisa dos centros de control e prevenção de doenças dos Estados Unidos (CDC) mostram um incremento nos casos de câncer no fígado superior aos 18% num curto período de cinco anos, um aumento de 3,5% a cada ano. O câncer de fígado já é a terceira causa de mortes por câncer no mundo.

No ano de 2001 eram diagnosticados 2,7 casos de câncer de fígado a cada 100.000 pessoas, aumentando para 3,2 casos a cada 100.000 pessoas no ano de 2006. O número deve ser maior, pois somente são incluídos no registro os casos confirmados por biopsia microscópica.

No seu informe o CDC estima que 75% dos casos de câncer de fígado sejam ocasionados pelas hepatites B e C. A estatística serve epidemiologicamente como comparação para o Brasil já que Estados Unidos e Brasil são países demograficamente similares. O número de infectados com hepatite C é praticamente o mesmo nos dois países, já no caso da hepatite B o número de infectados no Brasil e maior.

Os homens apresentaram um risco três vezes maior que as mulheres para desenvolver câncer de fígado (5 versus 1,3 por cada 100.000 pessoas) sendo a idade média do diagnostico de 62 anos para os homens e de 69 anos para as mulheres.

Em ambos os países e estimado que a cada ano morram mais de 10.000 indivíduos por culpa do câncer no fígado, um número alarmante que não para de crescer. As mortes por câncer de fígado ocasionado pelas hepatites B e C podem ser evitadas na maioria dos casos se fossem realizadas amplas campanhas para diagnosticar os infectados.

Utilizando uma projeção dos números da pesquisa do CDC podemos estimar que no mundo aconteçam umas 250.000 mortes por câncer de fígado a cada ano. Se em média 75% delas são ocasionadas por culpa das hepatites B e C, podemos atribuir às hepatites um total aproximado de 190.000 mortes. Como a OMS estima que 1,5 milhão de pessoas morram por culpa das hepatites B e C a cada ano, podemos deduzir que o câncer de fígado representa aproximadamente 13% das mortes nos infectados com as hepatites B e C e 87% das mortes aconteçam por complicações como descompensações causadas pela cirrose ou outras comorbidades diretamente relacionadas ao fígado.

Texto completo em: http://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/mm5917a3.htm

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR) - Centers for Disease Control and Prevention - Hepatocellular Carcinoma --- United States, 2001-2006 - S O'Connor, JW Ward, M Watson, and others. Hepatocellular carcinoma -- United States, 2001-2006. Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR). 59(17): 517-520 - May 7, 2010.

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo