quinta-feira, 27 de maio de 2010

Alarmantes números sobre a mortalidade nos infectados com hepatite C

Foram incluídos no estudo 18.541 pacientes sem hepatite C (Anti-HCV negativo) e 1.095 pacientes com hepatite C (Anti-HCV positivo) atendidos em hospitais de Taiwan nos anos de 1991 e 1992. Para se saber exatamente o índice de mortalidade pela hepatite C não foram incluídos indivíduos infectados com hepatite B em nenhum dos dois grupos.

Todas as mortes acontecidas desde 1991 até o final de 2007 foram pesquisadas na sua causa pelos códigos CID dos certificados de óbito.

O desenho do estudo e os dados coletados permitiram aos pesquisadores calcular o risco de mortes relacionadas ao fígado para cada 100.000 pessoas a cada ano.

Os resultados são os seguintes:

Por toda e qualquer causa relacionada a doenças no fígado, de cada 100.000 indivíduos, morrem 1.457 a cada ano se encontram infectadas com hepatite C, contra somente 679 pessoas a cada ano se não estão infectadas pela hepatite C.

As mortes por câncer no fígado a cada 100.000 indivíduos, matam 335 pessoas a cada ano se infectadas com hepatite C, contra somente 17 pessoas a cada ano se não estão infectadas pela hepatite C.

As mortes relacionadas à hepatite C crônica ou por culpa da cirrose em cada 100.000 indivíduos matam 87 pessoas a cada ano se infectadas com hepatite C, contra somente 18 pessoas a cada ano se não estão infectadas pela hepatite C.

Concluem os autores que a mortalidade dos infectados com hepatite C poderia ser reduzida se os infectados fossem diagnosticados e tratados adequadamente.

MEUS COMENTÁRIOS:

Ao se calcular os cocientes de risco de morte associados à hepatite C ajustando os dados por sexo e idade a probabilidade de aumento do risco de morte nos deparamos com resultados alarmantes.

A possibilidade de morte por toda e qualquer causa relacionada a doenças do fígado de um infectado com hepatite C se não for diagnosticado e receber tratamento adequado e 114% superior ao de uma pessoa não infectada, o que significa que um infectado com hepatite C tem o dobro de possibilidades de morte que uma pessoa sem hepatite C. A cada ano morrem 1,45% dos infectados com hepatite C não tratados e somente 0,68% das pessoas sem hepatite C.

Ao se considerar a possibilidade de morte por causa do câncer no fígado, o infectado com hepatite C se não for diagnosticado e receber tratamento e 1.800% superior ao de uma pessoa não infectada, o que significa que um infectado com hepatite C tem dezoito vezes mais possibilidades de desenvolver câncer no fígado que uma pessoa sem hepatite C.

Já a possibilidade de mortes relacionadas à hepatite C crônica ou por culpa da cirrose, o infectado com hepatite C se não for diagnosticado e receber tratamento e 460% superior ao de uma pessoa não infectada, o que significa que um infectado com hepatite C tem quatro vezes mais possibilidades de morte que uma pessoa sem hepatite C.

Os números estatísticos são incontestáveis por qualquer autoridade que alegue ser a hepatite C uma doença de menor importância, de pouca significância na população. Fica então a pergunta: Até quando os governos estarão censurando informações sobre o real tamanho da epidemia e deixando de diagnosticar todos os infectados?

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
EASL 2010 - Abstract: 1050 - Journal of Hepatology, Supplement No 1, Volume 52, 2010, Page S406 - HEPATITIS C VIRUS INFECTION AND MORTALITY FROM LIVER RELATED DISEASE - M.-H. Lee, H.-I. Yang, C.-L. Jen, S.-L. You, C.-J. Chen, R.E.V.E.A.L-HCV Study Group - National Taiwan University, Genomics Research Center, Academia Sinica, Taipei, Taiwan R.O.C

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Historia natural da progressão da cirrose causada pela hepatite C - O que acontece após a cirrose?

Atualmente 1 de cada 4 infectados com hepatite C (25% dos infectados), se não diagnosticados e tratados adequadamente, estará chegando a desenvolver cirrose antes da sua morte natural pela velhice, um número que assusta devido aos milhões de infectados que ainda desconhecem que estão doentes. Pior ainda, devido ao envelhecimento dos infectados e a progressão natural da doença e estimado que em 2020 até 40% dos infectados estarão com cirrose.

Por esse motivo e interessante a revisão sistemática de 12 publicações científicas realizada por um grupo de pesquisadores do Reino Unido que foi apresentada no último congresso da EASL.

Partindo do fato que muito já se conhece sobre a evolução natural da hepatite C, estudos esses que na maioria consideram a cirrose como ponto final, mas que existem poucas informações sobre a progressão a partir do ponto onde aparece a cirrose, os pesquisadores selecionaram os estudos para avaliar o que acontece com os pacientes com cirrose compensada (cirrose compensada e aquela que não apresenta sintomas, como ascite, hemorragias ou encefalopatia), que receberam o tratamento da hepatite C e comparando o que acontece com aqueles infectados não tratados.

No total foram incluídos dados de 2.138 pacientes com hepatite C e cirrose.

Nos pacientes com cirrose compensada se encontrou que a possibilidade de morte, ou da necessidade de um transplante de fígado, era de 4,75% ao ano, isto é, 1 de cada 21 cirróticos estaria morrendo ou sendo transplantado a cada ano.

A descompensação da cirrose atinge a 5,61% ao ano dos pacientes com cirrose compensada, assim, 1 de cada 18 pacientes com cirrose compensada chega a descompensar a cada ano.

Já o câncer no fígado aparece com uma probabilidade de 3,76% ao ano nos pacientes com hepatite C e cirrose compensada, isto é, 1 de cada 27 pacientes com cirrose compensada chega a desenvolver câncer no fígado a cada ano.

Em cinco dos doze estudos foi possível estimar as diferenças entre pacientes tratados e não tratados. A possibilidade de desenvolver câncer no fígado entre os tratados era de 2,51% contra 5,20% nos não tratados. A descompensação dos cirróticos compensados era de 5,34% nos que receberam tratamento contra 9,58% nos não tratados. Já a possibilidade de morte, ou da necessidade de um transplante de fígado entre os tratados era de 3,84% contra 4,76% entre os não tratados.

Os pesquisadores concluem que os resultados confirmam que a cirrose compensada possui uma progressão lenta, porém ressaltam a necessidade de manter uma vigilância continua devido à possibilidade do aparecimento do câncer no fígado, inclusive nos pacientes curados da hepatite C.

Já ou meu comentário, ou melhor, dito, a minha conclusão, e que em qualquer uma das possibilidades um infectado com hepatite C que não for diagnosticado precocemente e não receba o tratamento adequado, possui o dobro de possibilidades de descompensar a cirrose, necessitar de um transplante de fígado, ter um câncer ou morrer por culpa da hepatite C.

À medida que se conhece mais profundamente as conseqüências de não diagnosticar os infectados com hepatite C fica mais evidente a imediata necessidade de realizar campanhas de detecção dos infectados. É necessário chamar a população para a realização do teste de detecção quanto antes.

Estamos sentados acima de uma bomba viral que já se encontra com o pavio acesso. Lamentavelmente alguns gestores da saúde pública ainda tentar ignorar, ou esconder, o tamanho do problema.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
EASL 2010 - Abstract: 1038 - Journal of Hepatology, Supplement No 1, Volume 52, 2010, Page S402 - NATURAL HISTORY OF COMPENSATED CIRRHOSIS DUE TO CHRONIC HEPATITIS C INFECTION: A SYSTEMATIC REVIEW - W. Alazawi, M. Cunningham, J. Dearden2, G.R. Foster - Centre for Digestive Diseases, Barts & The London School of Medicine, Digestive Diseases Clinical Academic Unit, Barts & The London School of Medicine London NHS Trust, London, UK

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo

19 de Maio - Dia Mundial da Luta contra as Hepatites













No dia 19 de maio, o Grupo Amarantes, o Grupo Génesis e o Grupo Otimismo, uniram-se no Shoping Grande Rio para uma Campanha de Detecção e Informação sobre as Hepatites Virais. Foi um excelente evento onde testamos mais de 1.000 pessoas e teve inclusive a participação voluntária da personagem Sandrinha (atriz global da novela Viver a Vida). Agradecemos ao parceiro Carlos Varaldo (Otimismo), pela organização do evento. Além de contribuirmos para um importante trabalho social, tivemos a oportunidade de rever os amigos do RJ.

























Claudio Costa

Grupo Amarantes




domingo, 16 de maio de 2010

Quando chegar o Telaprevir a maioria dos infectados com o genótipo 1 será tratado em somente 24 semanas

Um estudo apresentado durante o EASL 2010 realizado com 161 pacientes em diferentes centros médicos europeus resulta em uma agradável noticia para os infectados com o genótipo 1 da hepatite C, ao comprovar que 68% dos tratamentos poderão ser realizados em 24 semanas de terapia e uma possibilidade de cura superior aos 80% no total de tratados.

Parece mentira que para uma doença descoberta faz somente 20 anos a ciência tenha uma resposta para seu tratamento, não somente por conseguir curar 10% dos pacientes na década passada, mais por ter conseguido chegar atualmente a curar aproximadamente a metade e, que chegarão a percentuais de cura entre 80 e 90% de cura já em 2011.

O Telaprevir, um inibidor da protease, surpreende a cada dia e a cada nova divulgação dos ensaios clínicos. O estudo "C208" experimentou o Telaprevir em pacientes infectados com o genótipo 1 da hepatite C que nunca tinham recebido qualquer tratamento, sendo utilizado nas primeiras 12 semanas do tratamento junto com o interferon peguilado e a ribavirina, seguindo depois o tratamento só com o interferon peguilado e a ribavirina até completar 24 ou 48 semanas.

Os pacientes incluídos no ensaio podem ser considerados como difíceis de tratar já que 80% apresentavam alta carga viral (acima de 800.000 UI/ml) e 20% apresentam cirrose ou fibroses avançada.

Os pacientes foram divididos em 4 grupos de tratamento e nas primeiras 12 semanas dois dos grupos receberam o Telaprevir em dose de 750 mg três vezes ao dia (a cada 8 horas) e outros dois grupos receberam o Telaprevir em dose de 1.125 mg duas vezes ao dia (a cada 12 horas). Os quatro grupos receberam interferon peguilado, sendo que cada um dos grupos com dose de 8 ou 12 horas do Telaprevir recebeu o interferon peguilado Pegasys ou o PegIntron, para assim poder comparar os resultados. Todos receberam ribavirina conforme o peso do paciente.

Os pacientes na semana 4 do tratamento se encontravam indetectáveis (menos de 25 UI/ml) e assim permaneciam até a semana 20, deixaram o tratamento com 24 semanas de terapia, enquanto que aqueles que não cumpriam com estes critérios permaneceram recebendo interferon peguilado e ribavirina até completar as 48 semanas.

Os resultados são os seguintes:

- Somente 18% dos pacientes requereram tratamento por 48 semanas. A cura neste grupo foi de 79% dos pacientes.

- 68% apresentaram resposta rápida, encontrando-se indetectáveis na semana 4 e assim permanecendo até a semana 20 do tratamento, sendo tratados em 24 semanas. A cura neste grupo foi de 96% dos pacientes

- 14% interromperam o tratamento antes da semana 24, devido à falta de resposta virológica, pelos efeitos adversos em especial erupção cutânea e coceira, ou por outras razões.

Ao comparar o efeito do Telaprevir com os dois interferons peguilados os resultados foram similares entre eles:

- Os pacientes infectados com o genótipo 1 que recebiam Telaprevir a cada 8 horas e tratados com o Pegasys obtiveram um percentual de cura de 85%.

- Os pacientes infectados com o genótipo 1 que recebiam Telaprevir a cada 8 horas e tratados com o PegIntron obtiveram um percentual de cura de 81%.

- Os pacientes infectados com o genótipo 1 que recebiam Telaprevir a cada 12 horas e tratados com o Pegasys obtiveram um percentual de cura de 83%.

- Os pacientes infectados com o genótipo 1 que recebiam Telaprevir a cada 12 horas e tratados com o PegIntron obtiveram um percentual de cura de 82%.

MEU COMENTÁRIO:

É fantástico saber que brevemente 7 de cada 10 infectados com o genótipo 1 poderão ser tratados em 24 semanas. Isto resulta em menos sofrimento para os pacientes como, também, uma redução fantástica no custo do tratamento (ainda não se conhece o preço do Telaprevir, mais certamente será bem menos que 24 semanas de tratamento).

Também é muito importante destacar que os que consigam estar indetectáveis na semana 4 e assim se mantiverem até a semana 20 do tratamento, terão uma possibilidade de cura entre 93 e 100% e que somente um pequeno número de pacientes deverá continuar o tratamento até a semana 48.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
EASL 2010 - Abstract 56 - X Forns, P Marcellin, P Ferenci, and others. On-treatment response-guided therapy with telaprevir q8h or q12h combined with peginterferon alfa-2a or peginterferon alfa-2b and ribavirin in treatment-naive genotype 1 hepatitis C (Study C208).
Liver Unit, University of Barcelona, Barcelona, Spain; Hôpital Beaujon, Clichy, France; Department of Internal Medicine, Medical University of Vienna, Vienna, Austria; Klinikum der Universität zu Köln, Cologne, Germany; Department of Hepatology, University Hospital Gasthuisberg, Leuven, Belgium; Clinic of Infectious and Tropical Diseases, University of Brescia, Brescia, Italy; Radboud University Nijmegen Medical Center, Nijmegen; Netherlands; Hôpital St Antoine, Paris, France; Tibotec BVBA, Mechelen, Belgium; Tibotec Inc, Yardley, PA.

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Uma boa notícia!

Acaba de ser aprovado na CAS - COMISSÃO DE ASSUNTOS SOCIAIS do Senado Federal a aprovação do substitutivo rejeitando o Projeto de Lei do Senado 219, de 2007, do Senador Tião Viana e, aprovando, com emendas o Projeto e 338, de 2007, do Senador Flávio Arns que altera a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a oferta de procedimentos terapêuticos e a dispensação de medicamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Após três anos de luta para conseguir mudar o texto original, finalmente foi aprovado na CAS. Agora o texto está sendo encaminhado a SSCLSF - SUBSEC. COORDENAÇÃO LEGISLATIVA DO SENADO para ciência do Plenário e publicação no Diário do Senado Federal. Após a publicação o texto segue para a Câmara de Deputados, onde deverá ser apreciado e votado.

As mudanças foram significantes. O novo texto regula a concessão de ações judiciais de medicamentos experimentais ou sem registro na ANVISA, com o qual sempre concordamos e, poderá dificultar algumas ações sobre medicamentos, mas é altamente importante porque obriga o ministério da saúde a atualizar de forma permanente as portarias e protocolos de tratamento pelo SUS e, determina que as atualizações sejam efetuadas mediante a instauração de processo administrativo a ser concluído em prazo não superior a cento e oitenta dias contados da data em que foi protocolado do pedido, admitida a sua prorrogação por noventa dias corridos, quando as circunstâncias exigirem.

Esse ponto e muito importante, pois a cada novo procedimento ou medicamento o ministério da saúde deverá se pronunciar, atualizando o protocolo (inclusive com consulta pública) ou dizer por que não aceita o novo medicamento. Por lei, todos os protocolos deverão ser atualizados de forma permanente e não ao bel prazer como acontece atualmente, demorando muitas vezes anos e anos, prejudicando quem depende do tratamento no SUS.

A todos os que nesses três anos se engajaram nesta luta para derrubar o PLS 219 e aprovar o PLS 338, meu muito obrigado, em especial aos senadores Flávio Arns e Tasso Jereissati, os quais foram de fundamental importância nessa tramitação.


Carlos Varaldo
Grupo Otimismo

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Comentários sobre a audiência para “Debater a Judicialização da Saúde e a necessidade de regulamentação da Emenda 29” realizada na Comissão de Assunto

Estive presente nesta terça-feira 11 de maio na audiência realizada na câmara de Deputados, onde basicamente se discutiu sobre a Judicialização da saúde.

De um lado o Ministério da Saúde representado por Reinaldo Guimarães – Secretaria de Ciência, Tecnologia e insumos estratégicos, a Dra. Fabíola Sousa Araújo da Advocacia Geral da União e três deputados que já foram secretários estaduais da saúde no Rio Grande do Sul, Paraíba e Distrito federal, todos reclamando que é um absurdo o comportamento do judiciário ao conceder as ações judiciais.

Alegavam que é absurda a “epidemia de ações” na Justiça o que prejudica o planejamento no ministério e abarrota os tribunais, sendo impossível atender todas as demandas, pois os recursos são limitados. O Deputado Osmar Terra (PMDB-RS) falou que Falou que os Conselhos de Saúde, municipais, estaduais e até o CNS, perderam seu rumo, não possuindo mais contato com a sociedade e se transformaram em grupos corporativos que lutam pela própria defesa.

Colocou seu velho exemplo do preço do interferon peguilado, achando um absurdo que 1 kg custe o equivalente a 1 tonelada de ouro. Pena que não podíamos nos expressar, para explicar que isso era quando ele insistia em comprar pelo RS e pagava R$. 1.500,00 por ampola, mas hoje, com a compra em Brasília o preço é somente de trezentos e poucos reais, demonstrando que o medicamento era caro porque não sabia comprar.

Por outro lado a maioria da mesa defendia o direito dos cidadãos de recorrer a Justiça. Estavam a favor dos pacientes o Dr. Ingo Wolfganag Sarlet – Juiz de Direito – RS, André Ordacgy – Defensor Público da União – RJ, Humberto Medeiros – Procurador Federal – RS, Reno Coelho – Presidente da Sociedade de Reumatologia – RJ e a Deputada Elcione Barbalho – Deputada - PMDB-PA, os quais colocaram que a tal “epidemia de ações” e um factóide sem fundamento criado pelo ministério da saúde para esconder a incompetência da gestão (textualmente conforme foi apresentado na audiência pelos representantes do judiciário) e, foram apresentados diversos exemplos mostrando que sobram recursos, os quais são aplicados no sistema financeiro e no final do ano são devolvidos ao tesouro, assim, não é lógico que o Juiz deixe de aprovar as ações judiciais, pois o sistema não apresenta falta de recursos.

Foi mostrado que em 2008 o governo federal gastou 1 bilhão de Reais em publicidade e somente 50 milhões para atender ações judiciais contra a União.

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo

Comentários sobre a audiência para “Debater a Judicialização da Saúde e a necessidade de regulamentação da Emenda 29” realizada na Comissão de Assunto

Estive presente nesta terça-feira 11 de maio na audiência realizada na câmara de Deputados, onde basicamente se discutiu sobre a Judicialização da saúde.

De um lado o Ministério da Saúde representado por Reinaldo Guimarães – Secretaria de Ciência, Tecnologia e insumos estratégicos, a Dra. Fabíola Sousa Araújo da Advocacia Geral da União e três deputados que já foram secretários estaduais da saúde no Rio Grande do Sul, Paraíba e Distrito federal, todos reclamando que é um absurdo o comportamento do judiciário ao conceder as ações judiciais.

Alegavam que é absurda a “epidemia de ações” na Justiça o que prejudica o planejamento no ministério e abarrota os tribunais, sendo impossível atender todas as demandas, pois os recursos são limitados. O Deputado Osmar Terra (PMDB-RS) falou que Falou que os Conselhos de Saúde, municipais, estaduais e até o CNS, perderam seu rumo, não possuindo mais contato com a sociedade e se transformaram em grupos corporativos que lutam pela própria defesa.

Colocou seu velho exemplo do preço do interferon peguilado, achando um absurdo que 1 kg custe o equivalente a 1 tonelada de ouro. Pena que não podíamos nos expressar, para explicar que isso era quando ele insistia em comprar pelo RS e pagava R$. 1.500,00 por ampola, mas hoje, com a compra em Brasília o preço é somente de trezentos e poucos reais, demonstrando que o medicamento era caro porque não sabia comprar.

Por outro lado a maioria da mesa defendia o direito dos cidadãos de recorrer a Justiça. Estavam a favor dos pacientes o Dr. Ingo Wolfganag Sarlet – Juiz de Direito – RS, André Ordacgy – Defensor Público da União – RJ, Humberto Medeiros – Procurador Federal – RS, Reno Coelho – Presidente da Sociedade de Reumatologia – RJ e a Deputada Elcione Barbalho – Deputada - PMDB-PA, os quais colocaram que a tal “epidemia de ações” e um factóide sem fundamento criado pelo ministério da saúde para esconder a incompetência da gestão (textualmente conforme foi apresentado na audiência pelos representantes do judiciário) e, foram apresentados diversos exemplos mostrando que sobram recursos, os quais são aplicados no sistema financeiro e no final do ano são devolvidos ao tesouro, assim, não é lógico que o Juiz deixe de aprovar as ações judiciais, pois o sistema não apresenta falta de recursos.

Foi mostrado que em 2008 o governo federal gastou 1 bilhão de Reais em publicidade e somente 50 milhões para atender ações judiciais contra a União.

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo

terça-feira, 11 de maio de 2010

Família não consegue doar órgãos de jovem morta

Rio - A morte da jovem Tainá dos Santos, 19 anos, em Cabo Frio, no sábado, trouxe à tona mais um problema do Programa Estadual de Transplantes. Os pais da menina, ao serem informados de que ela teria tido morte cerebral, tentaram doar os órgãos da filha. Segundo eles, falta de exames para atestar o óbito impediram a doação.

O corpo de Tainá está no Hospital Central de Emergência de Cabo Frio. Para que os órgãos sejam doados, é necessário que ela passe por arteriografia cerebral ou por eletroencefalograma. Nem o hospital de Cabo Frio nem outros hospitais públicos da região têm os aparelhos. “A Central de Transplantes não tem especialista para atestar morte cerebral e joga a responsabilidade para o hospital”, observa o presidente da ONG Dohe Fígado, Carlos Cabral.

A Secretaria Estadual de Saúde informa que a paciente sofreu politraumatismo e traumatismo craniano, afetando os órgãos da paciente de forma que eles não poderiam ser transplantados. E que a equipe da Central de Transplantes tentou falar com a família, mas não conseguiu.

O Dia On Line

domingo, 9 de maio de 2010

RECOMENDAÇÕES DO INSTITUTO DA ACADEMIA DE MEDICINA PARA PREVENÇÃO E CONTROLE DAS HEPATITES B E C

Acaba de ser publicado no "Hepatology" um estudo realizado pelo Instituto da Academia de Medicina dos Estados Unidos (Institute of Medicine of the National Academies) com recomendações para a prevenção e controle das hepatites B e C. Ao final do texto disponibilizamos a integra da publicação (em Inglês) para quem está interessado no assunto.

O texto, com pequenas adequações pode ser adaptado a realidade de cada país. No caso de adaptação para o Brasil fica ainda mais fácil, pois o número de infectados cronicamente com as hepatites B e C e praticamente o mesmo que nos Estados Unidos (entre cinco e seis milhões de indivíduos) o que demandaria políticas e esforços muito parecidos, mas sem ignorar na adequação as diferenças que existem entre os sistemas públicos e privados de saúde dos dois países nem o patamar de pacientes já diagnosticados e atendidos.

Por exemplo, os planos de saúde dos Estados Unidos são obrigados a oferecer os tratamentos das hepatites B e C, já no Brasil não fornecem medicamentos de uso oral. No caso da hepatite C nos Estados Unidos já foram tratados mais de 700.000 infectados, contra menos de 70.000 no Brasil. No Brasil as ações deveriam ser maiores para tentar recuperar o tempo perdido.

O Instituto da Academia de Medicina dos Estados Unidos estima que a cada ano morrem 15.000 pessoas por culpa do câncer ou doenças do fígado nos Estados Unidos relacionadas com as hepatites, duas doenças que poderiam ser evitadas mediante prevenção, diagnostico precoce e tratamento.

Nos Estados Unidos é estimado que as mortes nos próximos 10 anos sejam de 150.000 pessoas. A prevalência da hepatite B atinge entre 800.000 e 1.4 milhões de pessoas e a hepatite C entre 3,7 e 3,9 milhões, números praticamente iguais ao do Brasil.

Nos estados unidos é estimado que 70% dos infectados ainda não foram diagnosticados, já no Brasil o número de não diagnosticados chega aos 90%, o que representa um dado alarmante, pois esses indivíduos estão agravando o seu quadro de saúde.

Nos Estados Unidos os infectados com as hepatites B e C atingem uma população 5 vezes maior que a de infectados com HIV/AIDS, mas o CDC (Centers for Disease Control and Prevention) destina 69% de seu orçamento para o HIV/AIDS e somente 2% para as hepatites B e C. No Brasil para cada um dos 600.000 infectados com HIV/AIDS existem recursos da ordem de R$. 3.600,00 no orçamento de 2010, incluindo campanhas, tratamento, atenção, etc., já para os aproximadamente 5,5 milhões de infectados pelas hepatites B e C o recurso orçamentário não chega a R$. 70,00 ao se realizar a mesma comparação por pessoas infectadas. A insuficiência de recursos para os programas de hepatites estão dando lugar a transmissão continua das hepatites B e C e a altas taxas de morbilidade e mortalidade.

Os sistemas de vigilância epidemiológica, tanto nos Estados Unidos como no Brasil se encontram pouco desenvolvidos e totalmente fragmentados nos estados e municípios, não existindo uma efetiva vigilância dos casos diagnosticados. No Brasil, aproximadamente três de cada quatro diagnosticados não são notificados no ministério da saúde, não existindo a abertura da notificação por meio eletrônico no site do ministério da saúde, o que seria o método mais lógico e fácil.

São quatro as recomendações do estudo para resolver a situação:

1 - Melhoria da vigilância epidemiológica nas hepatites B e C;

2 - Maior conhecimento e sensibilização da assistência sanitária e serviços sociais (postos de saúde, médicos de família, etc.), especialmente quando do atendimento de pessoas que possam estar incluídas nos grupos de maior prevalência;

3 - Melhoria na cobertura vacinal na hepatite B;

4 - Melhoria no acesso ao diagnostico, tratamentos e medicamentos.

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo

sábado, 8 de maio de 2010

SALÕES DE BELEZA DE SÃO PAULO ADOTAM KIT INDIVIDUAL PARA EVITAR HEPATITE

Os salões de beleza de São Paulo adotaram kits de manicure e pedicure individuais para evitar a contaminação de hepatite. Alicates de unha personalizados e lixas e palitos descartáveis ajudam a tornar o processo mais higiênico. O uso da bacia de água também foi abandonado por alguns estabelecimentos, de modo a evitar a proliferação de fungos e micoses. O risco de contaminação de hepatite fez com que todos os salões de beleza fossem obrigados pela vigilância sanitária a esterilizar as ferramentas utilizadas no corte de unha e cutícula com autoclave.
Os estabelecimentos também devem adquirir licença de funcionamento no órgão municipal. Segundo a médica Maria Lúcia Ferraz, professora de gastroenterologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a melhor conduta ao fazer as unhas é ter seu próprio equipamento. "A falta de cuidado no manejo dos alicates apresentava um risco de transmissão de hepatite B e hepatite C. Não se deve ter compartilhamento de objetos que têm contato com sangue".
A adoção das medidas segue as recomendações da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. No início do ano, uma pesquisa do Instituto Estadual de Infectologia Emílio Ribas revelou que 10% das manicures paulistas estavam contaminadas pelo vírus da hepatite B ou C e que 100% delas não esterilizavam os alicates corretamente. A vigilância sanitária municipal, entretanto, não tem qualquer recomendação quanto ao uso da bacia para fazer as unhas. As manicures podem tomar a vacina contra a hepatite gratuitamente desde 2004 no Brasil.
Fonte:

Marilia Gaboardi

Telaprevir em pacientes não respondedores - Surpreendente: 59% conseguem a cura!

A apresentação oral n° 4 relatava os resultados finais de retratamento de pacientes infectados com o genótipo 1 da hepatite C que não tiveram sucesso num tratamento anterior com interferon peguilado e ribavirina.

Todas as tentativas de retratar esses pacientes utilizando novamente o interferon peguilado e a ribavirina apresentaram resultado muito aquém do desejado, sendo pequenas a possibilidades de sucesso. O número de pacientes infectados com o genótipo 1 que não responderam ao tratamento corresponde aproximadamente à metade dos tratados, um número enorme que necessita atenção prioritária.

O Telaprevir apresentou os resultados surpreendentes conseguidos no retratamento desses pacientes, assombrando os participantes do EASL 2010 que aconteceu semana passada em Viena, na Áustria.

É necessário separar em grupos os pacientes que não obtiveram sucesso no tratamento anterior, pois em cada caso as possibilidades com um retratamento serão muito diferentes. Assim, neste estudo os resultados são diferentes para os que no primeiro tratamento foram nulos de resposta (grupo formado pelos que nunca conseguiram se encontrar negativos), pelos respondedores parciais (grupo que na semana 24 somente baixou 2 log), pelos não respondedores (grupo que consegue negativar, mas durante o tratamento voltam a estar positivos) e pelos recidivantes (grupo que completa o tratamento estando negativo, mas o vírus reaparece nos seis meses seguintes ao final do tratamento).

O desenho original do estudo consistia em retratar os pacientes durante as primeiras 12 semanas com Telaprevir, interferon peguilado e ribavirina e depois desse prazo continuar somente com interferon peguilado e ribavirina até completar 24 semanas de tratamento. Os pesquisadores decidiram após o inicio do estudo, dependendo da resposta de cada paciente, estender o tratamento até completar 48 semanas, objetivando garantir a resposta sustentada dos pacientes lentos em responder.

No total foram retratados 117 pacientes, sendo 51 nulos de resposta no primeiro tratamento, 29 pacientes que apresentaram somente uma resposta parcial, 8 pacientes não respondedores e 29 pacientes recidivantes.

A resposta sustentada geral do grupo foi conseguida por 59% dos pacientes que iniciaram o retratamento.

A resposta de cada grupo varia em função do regime terapêutico empregado, mas podemos a resumir da seguinte forma:

1 - PACIENTES NULOS DE RESPOSTA NO TRATAMENTO ANTERIOR

- Os que receberam tratamento de Telaprevir/interferon peguilado e ribavirina por 12 semanas e mais 12 semanas de interferon peguilado e ribavirina, conseguiram 17% de possibilidade de cura.

- Os que receberam tratamento de Telaprevir/interferon peguilado e ribavirina por 12 semanas e mais 36 semanas de interferon peguilado e ribavirina, conseguiram 56% de possibilidade de cura.

2 - PACIENTES COM RESPOSTA PARCIAL NO TRATAMENTO ANTERIOR

- Todos receberam tratamento de Telaprevir/interferon peguilado e ribavirina por 12 semanas e mais 12 semanas de interferon peguilado e ribavirina, conseguindo 60% de possibilidade de cura.

3 - PACIENTES NÃO RESPONDEDORES NO TRATAMENTO ANTERIOR

- Todos receberam tratamento de Telaprevir/interferon peguilado e ribavirina por 12 semanas e mais 12 semanas de interferon peguilado e ribavirina, conseguindo 86% de possibilidade de cura.

4 - PACIENTES RECIDIVANTES APÓS O TRATAMENTO ANTERIOR

- Todos receberam tratamento de Telaprevir/interferon peguilado e ribavirina por 12 semanas e mais 12 semanas de interferon peguilado e ribavirina, conseguindo 96% de possibilidade de cura.

Os efeitos colaterais mais freqüentes do tratamento foram a sensação de gripe, fadiga, náuseas, diarréia, prurido, etc., um pouco maiores que no tratamento atual, mas nada que possa ser um fator considerado adverso. Com o tempo esses efeitos serão conhecidos e poderão ser evitados, tal qual aconteceu com os primórdios do tratamento da AIDS.

MEUS COMENTÁRIOS

Após a apresentação, jantando junto a um grupo de médicos comemoramos os resultados, pois estamos frente a uma revolução nos resultados que podem ser conseguidos com a introdução do Telaprevir, do qual muito provavelmente as autoridades do FDA dos Estados Unidos e da Comissão Européia de Medicamentos o deverão autorizar, se não for ao final deste ano no inicio de 2011. Em outros países vai depender da vontade política e da agilidade das agencias reguladoras em atualizar os protocolos e consensos, e neste ponto a sociedade civil será fundamental para exercer a devida pressão, seja recorrendo a Justiça e até realizando manifestações publicas, mas é necessário que os medicamentos estejam disponíveis rapidamente para assim evitar a morte de muitos pacientes.

Vejo com grande alegria que dependendo do resultado do tratamento anterior, entre 56% e 96% (sim estou escrevendo corretamente!) conseguirão a cura definitiva da hepatite C e, mais importante ainda, a maioria com somente 24 semanas de tratamento.

Este e o primeiro de uma serie de matérias que estarei enviando nos próximos dias. Não somente o material e em grande quantidade, como os transtornos causados pela impossibilidade de regressar da Europa por culpa do vulcão, atrapalharam totalmente a minha vida, acumulando o trabalho. Temos muitas boas notícias para comentar!

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Oral Presentation - OPENING & GENERAL SESSION 1- Abstract: 4 - Journal of Hepatology, Supplement No 1, Volume 52, 2010, Page S2 - SVR WITH TELAPREVIR, PEGINTERFERON ALFA-2A AND RIBAVIRIN IN HCV PATIENTS WITH WELL-CHARACTERIZED PRIOR NULL RESPONSE, PARTIAL RESPONSE, VIRAL BREAKTHROUGH OR RELAPSE AFTER PR - T. Berg1, J.G. McHutchison, N. Adda, F. Poordad, M.L. Shiffman, P. Ferenci, J. Heathcote, J.-M. Pawlotsky, S. Zeuzem, H. Reesink, G. Dusheiko, E. Martin, D. Alexanderian, S. George, A.J. Muir.

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo