quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A AMEAÇA DA HEPATITE D

Um vírus agressivo, pouco pesquisado e que causa cirrose, câncer de fígado e até mesmo a morte dos infectados ameaça indígenas e ribeirinhos da Região Norte e, devido ao fluxo migratório, pode se disseminar pelo Brasil. O alerta é de um dos maiores especialistas em hepatites virais do país, Raymundo Paraná, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia. Segundo o médico, a pouca atenção dispensada ao vírus delta, causador da hepatite D, faz com que a doença seja uma das mais negligenciadas do mundo e represente grande risco à população. "Se não houver uma ação concentrada de prevenção e combate, não podemos esperar coisas boas", avisa.
Conhecida também como febre negra e descrita desde a década de 30, a hepatite D atinge 15 milhões de pessoas no mundo. Um número pequeno, comparado à prevalência do vírus B, que contamina 50 milhões de habitantes por ano. Mas, se o tipo B pode ser assintomático, o delta provoca efeitos devastadores.
Além disso, o Brasil é o país que tem a maior concentração de hepatite D num único estado: no Acre, 1,3% da população é portadora da doença. "É uma incidência altíssima para os padrões mundiais. Não tem nada igual no resto do mundo", diz Paraná. A prevalência está na chamada Amazônia Ocidental, que engloba municípios do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. Os três primeiros estados são os que sofrem mais com a doença.
O vírus delta tem uma característica que o diferencia de todos os demais. Ele só entra em ação quando associado a outro: age como parasita e se protege dentro do vírus B. A doença se desenvolve de duas formas. Quando o paciente já está com Hepatite B e é contaminado pelo delta, as conseqüências à saúde são mais graves. O novo vírus faz com que o B ataque com mais força, acelerando o processo de cirrose e câncer de fígado. Em 5% dos casos, pode matar. A abordagem da doença é mais branda quando os tipos B e D são adquiridos ao mesmo tempo. Embora também haja risco de morte, as hepatites, nessa situação, ficam mais fáceis de ser controladas porque o sistema imunológico age mais rapidamente para eliminar os vírus.
Outra peculiaridade do delta é que ele tem cinco diferentes genótipos (como se fossem as "raças" dos vírus), sendo que o terceiro só existe no Brasil e é o mais agressivo. Ao contrário do que ocorre na Europa e nos Estados Unidos, onde prevalece em usuários de drogas e imigrantes asiáticos, por aqui, ele ataca jovens entre 15 e 25 anos, que não são dependentes químicos. Por isso, as poucas pesquisas existentes pelo mundo quase não têm serventia para o Brasil. "É impossível importar resultados", afirma Paraná.
Só hipóteses
Segundo o coordenador do Programa Nacional para a Prevenção e o Controle das Hepatites Virais (PNHV) do Ministério da Saúde, Ricardo Gadelha, a carência de estudos sobre a doença dificulta precisar por que o delta se concentra mais no norte, atacando principalmente os índios. "Existem hipóteses que relacionam a doença a condições ambientais e aspectos genéticos", diz. O hepatologista Raymundo Paraná lembra, porém, que já não se pode mais falar em grupos de risco, pois o fluxo migratório entre o norte e o restante do país tem se intensificado nos últimos anos, graças ao agronegócio, que atrai produtores de todo o Brasil para Rondônia, onde há grandes plantações de soja. Além disso, as construções da Hidrelétrica do Rio Madeira e da Estrada do Pacífico devem impulsionar ainda mais a migração.
Ricardo Gadelha diz que a principal estratégia do ministério é a prevenção. A vacina contra Hepatite B, disponível gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, também combate o vírus delta. Ele explica que o ministério está se articulando com estados e capitais para organizar oficinas de capacitação profissional e a reestruturação das redes de saúde. Já foram realizadas no Norte, Nordeste e no Centro-Oeste. "Também estamos fazendo parceria com a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) para discutir como melhorar o acesso dos índios ao tratamento e, principalmente, à prevenção", conta.
Vacinação em massa
No Acre, a Secretaria de Saúde promove campanhas de vacinação em massa, sendo que a última teve 100% de cobertura. "A população rural e indígena têm sérios problemas para se deslocar às unidades de saúde, por isso vamos até elas não só para vacinar, mas para prestar esclarecimentos e fazer testes rápidos", diz a coordenadora do Programa Estadual de Combate às Hepatites Virais, Mônica de Abreu Moraes. Quanto ao tratamento, ela reconhece que há mais dificuldades. No Brasil, o único medicamento fornecido pelo SUS é o interferon, que precisa ser injetado no paciente uma ou mais vezes por semana. "Nesse caso, temos de tirar a pessoa do local de residência para que tenha acesso às injeções, e o tratamento pode se estender por até dois anos", diz.
Segundo Gadelha, já foi feito um levantamento dos estudos sobre a eficácia, a segurança e a relação custo-benefício de novos medicamentos que já estão no mercado há cinco anos e podem ser uma alternativa ao interferon. A pesquisa está no gabinete do ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Se for aprovada, uma portaria vai garantir o acesso aos novos remédios. Ainda não há previsão de quando isso ocorrerá.

Fonte: Correio Braziliense

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Vacinação contra gripe H1N1 começa em março por agentes de saúde

País registrou 1.705 mortes causadas pelo vírus influenza A (H1N1). Estoque do governo é de 83 milhões de doses.

O Ministério da Saúde apresentou nesta terça-feira (26) a estratégia nacional de enfrentamento da segunda onda da pandemia de gripe A (H1N1) no país, que prevê a compra de 83 milhões de doses da vacina para imunizar a população brasileira, a partir de março deste ano.
Dados do ministério mostram que o vírus da chamada "Gripe Suína" fez 1.705 vítimas fatais no Brasil e mais de 14 mil em todo o planeta. Foram registrados no território brasileiro 39.679 casos graves da doença.

Calendário de vacinação

O calendário de vacinação foi dividido em seis grupos prioritários. Trabalhadores de saúde, gestantes, indígenas, população com doenças crônicas de base, crianças saudáveis entre seis meses e dois anos de idade e adultos saudáveis entre 20 e 29 anos de idade. O ministério não recomenda a vacinação para os que não estiverem encaixados nesses grupos.
O plano de vacinação vai ser realizado em quatro etapas. Na primeira, que será realizada entre os dias 8 e 19 de março, trabalhadores da rede de atenção à saúde e profissionais envolvidos na resposta à pandemia e indígenas serão vacinados.
Gestantes serão imunizadas na sequência, entre 22 de março e 21 de maio, em um prazo que irá durar até a quarta etapa da estratégia. Ainda como parte da segunda etapa, crianças de seis meses a dois anos de idade e doentes crônicos serão imunizados entre os dias 22 de março e 2 de abril.
Obesidade mórbida, doenças respiratórias, cardíacas, imunodeprimidos, diabetes e doenças hepáticas, renais e hematológicas são fatores do grupo de doentes crônicos. Grávidas em qualquer período de gestação poderão tomar a vacina.
A população com idade entre 20 e 29 anos será vacinada entre os dias 5 e 23 de abril.
Por último, idosos com mais de 60 anos com e com doenças crônicas serão vacinados entre 24 de abril e 7 de maio.

Investimentos

Todo o investimento na aquisição da vacina contra a gripe pandêmica, cerca de R$ 1 bilhão, será liberado pelo governo a partir do Ministério da Saúde. Os recursos estão vinculados ao Programa Nacional de Imunizações, que também oferece vacinas contra outras doenças.
Os recursos foram previstos pela abertura de crédito suplementar de R$ 2,1 bilhões, aprovado em outubro de 2009, por medida provisória, para ações de enfrentamento da gripe pandêmica.
O ministério também adquiriu 83 milhões de seringas e agulhas, ao custo de R$ 40 milhões. Os insumos serão distribuídos às secretarias estaduais de todo o país, durante a vacinação. No final de 2009 já foram repassados R$ 11 milhões para os governos estaduais iniciarem a preparação para a estratégia de vacinação.

Estratégia

O ministério deve divulgar maiores detalhes da estratégia de vacinação até o final de fevereiro. Até que a estratégia seja deflagrada em todo o país, nenhuma dose da vacina será distribuída nas unidades de saúde.
A pasta comandada pelo ministro José Gomes Temporão argumenta que o objetivo da estratégia não é evitar a disseminação do vírus, que já está presente em 209 países, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mas manter os serviços de saúde funcionando e reduzir o número de casos graves e óbitos.
Os 26 estados e o Distrito Federal vão receber um número de doses proporcional à população dos grupos prioritários especificados no calendário do Ministério da Saúde.
As secretarias estaduais terão a responsabilidade de repassar as vacinas aos municípios obedecendo ao mesmo critério. Secretarias estaduais e municipais vão definir conjuntamente os locais de vacinação.

Cadastrada em: 26/01/2010
Pelo colaborador:
Portal MS - Luciano
portalms@portalms.com.br

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Novos estudos comprovam que o café diminui a progressão da fibrose

A revista Hepatology do mês de janeiro publica mais um estudo que comprova o efeito benéfico do café no fígado realizado por pesquisadores do Diabetes and Digestive and Kidney Diseases (NIDDK) dos Estados Unidos.

Entre janeiro de 2006 até novembro de 2008 todos os pacientes atendidos no instituto preenchiam um formulário para avaliar o consumo de cafeína. As perguntas eram destinadas a determinar todas as fontes de cafeína, incluindo o café normal, o descafeinado, bebidas que contem cafeína, chocolates, cacau, chás (pretos, verdes, chineses, etc.), bebidas energéticas, e medicamentos com cafeína.

Conforme a freqüência de ingerir os produtos os participantes foram divididos entre os que nunca consumiam cafeína, os que o faziam entre 1 e 3 vezes ao mês, os que os ingeriam entre 1 e 4 ou entre 5 e 6 vezes a semana e, os que o faziam mais de 6 vezes a semana.

Foi observado que a maior parte da cafeina consumida era do café, representando 71%, seguida da ingerida por refrigerantes com 13% e chá preto com 4%.

Com idade média de 51 anos e massa corporal de 27,5 (BMI) os 177 participantes realizaram uma biopsia antes e outra após o estudo. Entre os participantes 68% estavam infectados cronicamente com hepatite C.

A biopsia foi avaliada pela classificação de ISHAK, onde a fibrose e avaliada numa escala de 0 até 6. Zero representa um fígado sadio e nível 6 representa cirrose na escala ISHAK. Os pacientes com fibrose no nível menor que 3 consumiram em média 212 mg/dia de cafeína, contra uma média de 154 mg/dia dos pacientes com grau de fibrose maior que 3.

Os resultados mostram que para cada incremento de 67 mg/dia no consumo de cafeína (metade de uma xícara de café) existia uma diminuição de 14% na possibilidade de encontrar um grau avançado de fibrose nos participantes do estudo entre os infectados com hepatite C.

Concluem os pesquisadores que se consegue um efeito benéfico com o consumo um pouco superior ao correspondente a duas xícaras de café ao dia. As outras fontes de cafeína pesquisadas não tiveram o mesmo efeito terapêutico conseguida com o café.

domingo, 24 de janeiro de 2010

A resistência a insulina e a possibilidade de cura da hepatite C

É conhecido que a resistência a insulina e um fator preditivo negativo na possibilidade de conseguir sucesso no tratamento de pacientes infectados com o genótipo 1 da hepatite C, não afetando o tratamento de pacientes infectados com os genótipos 2 e 3.

A resistência a insulina e medida pelo "INDICE HOMA-IR" do inglês, "homeostatic model assessment", é feito com base nas dosagens de insulina e glicose de jejum. Nos melhores laboratórios sempre que se solicita a realização da dosagem simultânea de insulina e glicose em jejum, o HOMA-IR é automaticamente e gratuitamente calculado.

Pesquisadores consideram que proteínas do vírus da hepatite C podem ser responsáveis por aumentar a resistência à insulina, a qual dificulta a erradicação da hepatite C. Existem diversos tratamentos para aumentar a sensibilidade à insulina e, no presente estudo os pesquisadores utilizaram a Metformina, um medicamento utilizado pelos diabéticos.

Foram incluídos 123 pacientes infectados com o genótipo 1 da hepatite C que apresentavam um índice HOMA-IR superior a "2". Uma parte deles recebeu 850 mg de Metformina três vezes ao dia e o outro grupo recebeu para efeito de controle somente um placebo. O tratamento foi realizado com interferon peguilado Pegasys de 180 ug/semana e ribavirina conforme o peso do paciente.

Considerando todos os pacientes infectados com o genótipo 1 que iniciaram o tratamento, o grupo que recebeu Metformina durante todo o tratamento conseguiu 53% de cura, contra 43% conseguida entre os que receberam o placebo, um aumento na resposta terapêutica de 10%. Ao se considerar somente os pacientes que completaram as 48 semanas os pacientes que conseguiram a cura foi de 67% contra 49% do grupo que recebeu placebo.

As mulheres que receberam Metformina obtiveram maior sucesso, com 58% das que iniciaram o tratamento curadas, contra 29% entre os homens.

Como efeito colateral produzido pela Metformina foi relatado a diarréia, a qual aconteceu em 34% do grupo que recebeu o medicamento contra somente 11% do grupo tratado com placebo.

Na semana 24 do tratamento a metade dos pacientes se encontrava com um índice HOMA-IR abaixo de "2", indicando que é perfeitamente possível reduzir a resistência a insulina durante o tratamento, aumentando a resposta terapêutica em pacientes infectados com o genótipo 1.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:

Treatment of insulin resistance with metformin in naïve genotype 1 chronic hepatitis C patients receiving peginterferon alfa-2a plus ribavirin - Hepatology. 2009 Dec;50(6):1702-8. - Romero-Gómez M, Diago M, Andrade RJ, Calleja JL, Salmerón J, Fernández-Rodríguez CM, Solà R, García-Samaniego J, Herrerías JM, De la Mata M, Moreno-Otero R, Nuñez O, Olveira A, Durán S, Planas R; Spanish Treatment of Resistance to Insulin in Hepatitis C Genotype 1 Group.
Unit for the Clinical Management of Digestive Diseases and Centro de Investigación Biomédica en Red de Enfermedades Hepáticas y Digestivas, Hospital Universitario de Valme, Sevilla, Spain.


Carlos Varaldo
Grupo Otimismo

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Previsões nas hepatites B e C para 2010

Realizar previsões parece ser coisa de pessoas desocupadas tentando adivinhar qual será o número que vai dar na loteria. Não é esse o sentido das previsões que estarei realizando em relação às hepatites B e C, a sua epidemiologia e os tratamentos. A cada ano dou uma parada para refletir no que foi realizado e com isso imaginar o que poderá acontecer nos próximos 12 meses, mas devo confessar que fica difícil ser totalmente otimista ante um problema tão grande e complexo como são as "epidemias" de hepatites B e C.

Falo em "epidemias" no plural, porque considero se tratar de duas doenças totalmente diferentes, com epidemiologia, formas de transmissão, prevenção, tratamento e conseqüências totalmente diferentes. Colocar as hepatites B e C juntas, tentando uma ação estratégica igual é um dos maiores erros cometidos na última década. O mundo em geral interpretou que poderia realizar ações conjuntas já que ambas as doenças atacam o fígado e por tanto se chamam hepatite. A década não foi totalmente perdida, mas os avanços foram muito pequenos. O número de infectados diagnosticados e em tratamento é mínimo e o número de mortes por causa das hepatites B e C não para de crescer. Ante a frieza dos números não existem explicações ou desculpas já que todas as promessas e as boas intenções não conseguiram resultados. Com humildade devemos dar a mão à palmatória.

Voltando as "epidemias", na hepatite B a vacinação continua sendo a principal arma para evitar novos infectados. A vacina é barata e apresenta excelente efetividade. Muitos países já a disponibilizam para toda a população e passou a ser obrigatória de ser aplicada nas crianças recém nascidas no momento do parto, mas lamentavelmente alguns países limitam a aplicação gratuita para somente quem tem menos de 19 anos e, pior ainda, faltam campanhas que incentivem as pessoas a procurar a vacina. Países que realizam campanhas de vacinação estão conseguindo evitar novas infecções, o que garante um controle de novos casos. Campanhas de vacinação em massa irão conseguir erradicar, ou pelos menos diminuir drasticamente novos casos de hepatite B, sem duvida uma excelente forma de controlar o futuro da doença.

Já em relação a encontrar quem está infectado com hepatite B a situação ainda e dramática. A maioria dos países não realiza alertas ou campanhas de testagem em larga escala. No terceiro mundo e estimado que entre 90 e 95% dos infectados ainda não foram diagnosticados, países entre os quais se inclui o Brasil. Os governos alegam que o número de infectados e muito grande e que não existem recursos financeiros nem a quantidade de médicos especializados necessários para tratar a hepatite B. Lamentavelmente nos últimos 12 anos escuto essa resposta como desculpa, mas muito pouco foi feito para mudar a situação, simplesmente estão negando a milhões de infectados pela hepatite B a oportunidade de evitar danos irreversíveis a saúde e a oportunidade de tratamento.

No mundo são 350 milhões de infectados e se diagnosticados pelo menos a metade deles irão precisar de um tratamento que não tem prazo para terminar, motivo pelo qual o número de pacientes cresce em forma exponencial. Diferentemente a outras doenças que podem ser curadas, um indivíduo com hepatite B vai ter que receber assistência médica pelo restante da sua vida, assim, os serviços médicos devem ampliar o atendimento a cada ano. Existem poucos médicos especializados no tratamento da hepatite B e, em geral, a maioria dos centros especializados não se encontram nas áreas de maior endemicidade da doença. O problema no tratamento da hepatite B e a sua complexidade e a necessidade de acompanhamento permanente dos infectados com exames de imagem e biologia molecular, difíceis de encontrar.

No tratamento da hepatite B hoje já se dispõe de um arsenal terapêutico muito bom. Nos próximos cinco anos mais de uma dúzia de novos medicamentos estarão chegando ao mercado e muito provavelmente poderemos presenciar a cura da hepatite B.

O problema da hepatite B e de tal tamanho e complexidade que caso não surja algum medicamento milagroso não terá solução nem a curto nem a médio prazo para os atuais infectados. Mas não podemos aceitar que alguns governos considerem como uma estratégia a morte dos infectados (seja pela doença ou pela velhice) como a solução do problema da hepatite B. Quem pensar dessa forma e ficar sentado acima dessa bomba viral estará cometendo um crime contra a humanidade. O tratamento da hepatite B não é caro, hoje um infectado com hepatite B custa mensalmente menos que um infectado com AIDS para os governos.

A epidemia de hepatite B atinge na sua forma crônica 350 milhões de pessoas no mundo, o dobro dos infectados com hepatite C, que são 170 milhões. Curiosamente no Brasil a relação se inverte e o número de infectados com hepatite C e o dobro dos infectados com hepatite B, sendo estimado que existam dois milhões de infectados com hepatite B e até quatro milhões com hepatite C. A apresentação recente dos dados do inquérito domiciliar realizado pelo ministério da saúde são validos para hepatite C, mas não podem ser considerados no caso da hepatite B, pois as amostras representam somente as capitais, sendo amplamente conhecido que a hepatite B e uma doença de zonas suburbanas, fora das capitais, principalmente no interior da Amazônia, no sul do Espírito Santo, no oeste do Paraná e Santa Catarina e em zonas portuárias ou de prostituição, lugares onde não realizada a procura de infectados. Mostrar ao mundo a prevalência da hepatite B no Brasil com amostras obtidas somente nas capitais será considerado "propaganda enganosa".

Falando na outra "epidemia", a de hepatite C, o panorama e totalmente diferente e, portanto, a estratégia de divulgação e de ações deve ser diferente. Lamentavelmente a hepatite C não possui uma vacina preventiva, mas dispõe de um tratamento eficaz que hoje consegue a cura de pouco mais da metade dos pacientes tratados e que em dois ou três anos estará logrando curar até 80% dos infectados.

Partindo dessas duas características o fato de não possuir uma vacina para prevenir a hepatite C parece estar compensado com o fato de se tratar de uma doença de transmissão quase que exclusivamente pelo sangue e, hoje, com tudo o sangue utilizado em transfusão sendo testado e com a utilização de instrumentos corretamente esterilizados e seringas e agulhas descartáveis, a possibilidade de novos casos de infecções com a hepatite C e muito pequena. No mundo a hepatite C se propagou entre as décadas de 70 e 80, assim, a maioria dos infectados com hepatite C tem mais de 40 anos, o que indica que a epidemia está diminuindo, mais pela morte por velhice dos infectados que pelo número de tratamentos oferecidos, mas pelo menos a situação vai sendo controlada no caso de novas infecções.

Estranhamente o inquérito domiciliar realizado no Brasil encontrou uma alta prevalência da hepatite C em adolescentes, na faixa de idade entre 10 e 19 anos. Como esses adolescentes nasceram quando já o controle do sangue era efetivo e os instrumentos descartáveis e, pela faixa de idade e de se supor que a grande maioria não seja usuária de drogas injetáveis, até o momento o resultado não encontrou nenhuma explicação plausível. É sumamente importante que estudos adicionais sejam realizados, pois o resultado contradiz tudo o existente na literatura científica internacional.

Em relação ao tratamento da hepatite C o principal fator inibitório de ações de saúde pública e o seu preço. O tratamento que pode custar R$. 80.000,00 (U$. 44,000.-) se realizado de forma particular, chega a custar somente R$. 19.000,00 (U$. 10,500.-) para alguns governos que centralizam a compra dos medicamentos e negociam preços com os fabricantes. Se considerarmos que aproximadamente a metade dos atuais infectados necessita tratamento por ter um nível de fibrose igual ou superior a F2, os valores que os governos deveriam dispor são de cifras estratosféricas. No caso do Brasil se todos os infectados fossem diagnosticados, dois milhões necessitariam de tratamento, para isso seriam necessários R$. 38.000.000.000,00 (trinta e oito bilhões de reais) ou em dólares, U$. 21,000,000,000.-

É então, fazer o que? Ficar mudo e paralisado ante o tamanho do problema não é uma atitude inteligente. Tentar esconder o problema não realizando amplas campanhas de alerta e de detecção dos infectados e uma atitude criminosa por parte dos governos. Existem soluções, as quais serão mais fáceis com o correr do tempo. No final de 2009 escrevi sobre vinte e oito novos medicamentos que muito provavelmente estarão chegando ao mercado e que pela competitividade irão ocasionar uma redução dos preços e até uma diminuição do tempo de tratamento. Posso arriscar, sem medo de errar, que daqui a quatro anos o tratamento da hepatite C terá um custo entre 50 e 70% menor que o atual.

Em resumo, é possível planejar uma ação estratégica, por exemplo, de 10 anos de prazo para enfrentar a hepatite C, sem medo de falir com os recursos do estado. Dividindo a detecção e tratamentos nesses 10 anos e considerando o barateamento dos tratamentos, os recursos que deverão ser destinados são inferiores ao que atualmente e dispensado na epidemia de HIV/AIDS, ou seja, e totalmente possível, faltando somente vontade política e gestores comprometidos com a saúde pública, gestores que não pensem somente em esconder o problema e deixar que a bomba estoure nos próximos governantes do país.

Mas os infectados com hepatite C estarão enfrentando nos próximos anos um dos mais graves problemas que um ser humano possa sofrer. Estou me referindo a discriminação, a exclusão social por culpa da doença. Observo com grande preocupação que a cada dia aumenta a percepção mundial de que a hepatite C e uma doença de usuários de drogas ou de infectados com HIV/AIDS. O estigma nos médios de comunicação está crescendo rapidamente, levando a formação de opiniões desastrosas na opinião pública.

Isso é triste porque por causa da discriminação os pacientes não se atrevem a assumir sua condição de infectados, alguns até que suspeitam que possam estar infectados com hepatite C, mas não se atrevem a realizar o teste ou, pior ainda, se diagnosticados preferem ocultar a sua condição para não perder emprego ou família e não procuram tratamento.

Vários são os fatores que estão levando a um aumento no estigma da hepatite C. O principal deles e a pouca visibilidade que pessoas infectadas com hepatite C tentam dar a doença, preferindo não se expor, o que repercute inclusive na forma de trabalhar dos grupos de apoio formados por pacientes. Já grupos de usuários de drogas ou de co-infectados com HIV/AIDS/Hepatite C não têm medo de falar. Esses grupos procuram a imprensa, dão entrevistas, pressionam os sistemas de saúde, os governantes e os congressistas, conseguindo dessa forma não somente a atenção, como também os recursos necessários ao tratamento. A maioria dos protocolos e consensos de tratamento não possui limites para os co-infectados HIV/AIDS/Hepatite C, já para aqueles somente estão infectados com hepatite C as restrições para conseguir o tratamento são muito grandes.

Dou meus parabéns aos usuários de drogas e aos co-infectados com HIV/AIDS/Hepatite C, pois estão conseguindo a atenção e os recursos necessários para seu atendimento. Se isso resulta em maior discriminação e estigma para quem somente está infectado com hepatite C não chega a ser um problema, pois cada um deve lutar pela sua causa, pelo grupo ao qual pertence. Cabe aos infectados somente com a hepatite C sair do casulo e enfrentar a sociedade, mostrando que a maioria não se enquadra no estigma que está sendo formado na sociedade.

Para aqueles que sentem medo de serem discriminados, posso assegurar que a discriminação existe mais dentro do próprio indivíduo que na sociedade em geral. Faz mais de 12 anos que luto pelas hepatites, considero que sou uma figura publicamente conhecida e, posso assegurar que não existem maiores problemas quando alguém dá a cara. Mas são poucos os infectados com hepatite C que chegam a colocar sua condição publicamente. Não vejo pessoas conhecidas que sei que estão com hepatite C, entre eles atores, desportistas ou políticos que queiram vir a público para falar do problema, já entre ex-usuários de drogas ou co-infectados HIV/AIDS/Hepatite C e uma pratica comum. Praticamente todos os dias vemos pessoas famosas falar que por culpa de seu passado com drogas hoje estão tratando de hepatite C.

Bom, daqui a 12 meses vou reler este texto com a esperança de poder falar em progressos, em mudanças positivas para todos os infectados com as hepatites B e C. Pelo menos assim espero, pois sou um otimista nato.

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo

sábado, 9 de janeiro de 2010

HEPATITE B: DOENÇA QUE ATINGE 2 MILHÕES DE BRASILEIROS TEM NOVO PROTOCOLO CLÍNICO

Dados do Inquérito Nacional de Soroprevalência das Hepatites Virais mostram que 11,5% da população das capitais brasileiras com idade de 20 a 69 anos já teve contato com o vírus responsável pela Hepatite B (HVB). Na população de 10 a 19 anos, a incidência foi de 1,14%. \"O HVB é mais contagioso que o vírus da Aids, pois se multiplica cerca de 100 vezes mais do que o HIV\", ressalta um dos membros do Comitê de Hepatites Virais da Sociedade Brasileria de Infectologia, Roberto Foccacia.
Levantamento realizado pelo Ministério da Saúde (MS) serve de alerta para a seriedade do tema: cerca de 107.192 pessoas foram portadoras da hepatite B entre 1999 e 2008. Trata-se de um mal silencioso, pois as pessoas infectadas geralmente não apresentam sintomas. Se não for tratada, a doença pode degenerar o fígado, mas “se torna crônica apenas em cerca de 5% dos casos”, explica Foccacia.
Para reduzir o número de casos de HVB no país que apresentam resistência ao tratamento, um novo protocolo clínico incluiu mais três medicamentos para a Hepatite Viral Crônica B, sendo que um deles – o Tenofovir - também é usado por soropositivos.
“A disponibilização do Ministério da Saúde dessas novas drogas, que começará após o primeiro trimestre de 2010, visa oferecer alternativas de tratamento para casos de resistência à determinados tipos de medicamentos, assim como permitir que a terapia seja iniciada com remédios mais potentes e com menor risco de desenvolver resistência”, comenta o especialista da SBI que também preside o Núcleo de Pesquisas do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
Fique atento
As principais formas de transmissão do HVB ocorrem por via parental (compartilhamento de objetos cortantes, como seringas e agulhas), em relações sexuais desprotegidas, através do contato da pele e mucosa de uma pessoa sadia com outra infectada pelo vírus (forma conhecida no jargão médico como solução de continuidade) ou por transmissão vertical (da gestante para o bebê).
Os sintomas mais comuns da infecção são mal-estar, dor de cabeça, febre baixa, falta de apetite, cansaço, náuseas e desconforto abdominal na região do fígado. A icterícia, que se caracteriza pela coloração amarelada da pele e das mucosas (boca e parte branca dos olhos), geralmente inicia-se após o desaparecimento da febre e pode ser precedida por urina escura e descoloração das fezes.
O vírus HVB pode gerar câncer de fígado na “proporção de 10% dos casos”, afirma Foccacia. Porém, em sua fase crônica a hepatite B pode desencadear doenças da pele e dos rins, diabetes e alterar o metabolismo. Na evolução da infecção, que ocorre sem o tratamento, as complicações tendem a evoluir para cirrose (endurecimento do fígado), com insuficiência das funções hepáticas, gerando sangramentos, inflamação aguda da membrana que envolve os órgãos do abdômen, confusões mentais, etc”, exemplifica o especialista.
Prevenção
“Quando a gestante é portadora do vírus o bebês deve ser vacinada e receber medicação adequada contra a hepatite B logo após o nascimento (nas primeiras seis horas de vida). Com isso se reduz em 90% o risco de transmissão. Entretanto, em cerca de 5% das vezes a transmissão já ocorreu intra-útero e nesses casos a imunização da criança é ineficaz”, alerta o infectologista da SBI.
A vacina contra hepatite B é oferecida na rede pública, desde 1998, para pessoas com até 19 anos e grupos específicos, como profissionais de saúde. Após a aplicação de três doses mais de 90% dos adultos jovens e 95% das crianças e adolescentes ficam imunes à infecção.
A cobertura atual da imunização no Brasil atinge cerca de 80% da população com até 19 anos, ou seja, mais de 50 milhões de pessoas. Já na faixa etária de 11 a 19, a taxa cai para 63%. O Ministério da Saúde estuda ampliar o acesso à vacina contra o vírus HVB.
Novo protocolo
Pesquisas internacionais mostraram que o antirretroviral Tenofovir, usado na terapia contra Aids no Brasil desde julho de 2003, apresenta boa resposta para supressão do vírus da hepatite B. Este medicamento foi incluído, junto com dois outros no novo ‘Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Hepatite Viral Crônica B e Coinfecções’, divulgado no final de outubro pelo Ministério da Saúde.
A atualização do referido protocolo mostra a preocupação dos órgãos de saúde com o crescente número de infectados por HVB, pois 77% da população brasileira é sexualmente ativa e, sem a devida proteção, há risco de contrair a doença. Além de ampliar as opções de tratamento, o novo documento recomenda uma combinação de drogas, até então não utilizadas no país, para tratar pacientes em caso de resistência viral.
O último protocolo de hepatites estava em vigor desde 2002. A previsão do Ministério da Saúde é que no próximo ano 2,5 mil pessoas recebam indicação para uso do Tenofovir.

fonte:Sociedade Brasileira de Infectologia

www.infectologia.org.br

A progressão da fibrose e diferente em pacientes que não conseguiram sucesso com o tratamento da hepatite C

Um analise dos dados do estudo HALT-C (Hepatitis C Antiviral Long-term Treatment against Cirrhosis) que acabam de ser publicados na revista Hepatology mostram que a progressão da fibrose em pacientes não respondedores ou recidivantes ao tratamento com interferon e ribavirina não e igual em todos os pacientes.

Demonstram ainda que o tratamento de manutenção, utilizando interferon peguilado (sem ribavirina) por longo período não se mostrou efetiva, não conseguindo nenhum beneficio nos pacientes submetidos a tal terapia de manutenção.

Considerando 346 pacientes não respondedores, isto é, aqueles que em nenhum momento do tratamento conseguiram que o vírus ficasse indetectável, foi observado que dois anos após a interrupção do tratamento apresentavam uma progressão de 61% no grau de fibrose e, após quatro anos da interrupção do tratamento o aumento no grau de fibrose era de 80%.

Entre os 78 pacientes recidivantes, isto é, aqueles que durante o tratamento se encontravam negativos na semana 24 e na semana 48 (final do tratamento), mas que após seis meses o final do tratamento o vírus recidivou mostrando um PCR positivo, foi observado que após três anos do final do tratamento apresentam um aumento de 48% no grau de fibrose e que esse mesmo valor se manteve estável, sem nenhum aumento, até completarem cinco anos do final do tratamento.

Os pacientes submetidos à terapia de manutenção, com a intenção de evitar a progressão da fibrose não demonstrou nenhum beneficio. A progressão da fibrose foi igual nos pacientes submetidos à administração de interferon por até cinco anos como naqueles que nada receberam de tratamento durante o mesmo período, tanto entre os não respondedores como nos recidivantes.

Concluem os autores que a progressão no grau de fibrose , tanto em pacientes que não responderam ou recidivaram após o tratamento, não são lineares. Sugerem que somente com a realização de biopsias repetidas será possível determinar quais pacientes estão evoluindo mais rapidamente no dano hepático, informação importante para poder orientar o médico a traçar estratégias que evitem complicações graves.

MEU COMENTÁRIO:

É necessário esclarecer que o artigo compara quem não respondeu com quem recidivou, assim a interpretação é que em quem não respondeu a fibrose avança tal qual não tivesse tratado e nos recidivantes a progressão fica mais devagar.

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Tópicos rápidos sobre a cirrose

1 - O que é cirrose?

A cirrose e uma condição na qual o fígado tem comprometidas muitas das suas funções. O fígado cirrótico se apresenta "duro" por causa de chamada "cicatrização" originada pela fibrose persistente durante longo período.

A fibrose dificulta a passagem do sangue. Quando a fibrose chega ao ponto em que interrompe totalmente o fluxo as células do fígado começam a morrer, formando "cicatrizes" (tal qual a protuberância que fica na pele após um corte profundo) passando o fígado a condição de cirrótico.

2 - O que causa a cirrose?

Muitas são causas que podem danificar o fígado, estando entre as mais comuns o abuso de bebidas alcoólicas, as hepatites B e C, a hepatite autoimune, diversas doenças genéticas e a esteatose (gordura depositada no fígado).

3 - Existem sintomas durante a cirrose?

As pessoas com cirrose podem apresentar sintomas dependendo do estagio em que ela se encontra. Os primeiros sintomas são a icterícia (olhos, pele e urina amarelada), coceira e fadiga.

4 - Conseqüências no organismo?

O fígado e chamado da "fabrica" do organismo, sendo responsável por processar e desintoxificar tudo aquilo que é ingerido pelo individuo, purificando o sangue e produzindo nutrientes vitais.

5 - Graus de cirrose?

A cirrose pode ser inicial, quando seus sintomas e conseqüências são poucas ou pode chegar ao extremo de provocar a falência do fígado, quando ela se torna irreversível.

A cirrose pode ser compensada ou descompensada. A cirrose compensada não apresenta sintomas que afetem a qualidade de vida do individuo. A descompensação acontece quando da repetição de episódios de ascites (conhecida como barriga de água pela acumulação de fluido no abdome), varizes sangrando no esôfago até finalmente episódios de encefalopatia hepática.

6 - Diagnostico da cirrose?

Indivíduos com cirrose não diagnosticada podem apresentar sintomas que também são comuns a outras doenças, dificultando a suspeita de cirrose. Entre os sintomas comuns que um cirrótico pode apresentar se encontram a fadiga, a insônia, a perda do apetite, a perda de peso, náuseas e debilidade.

Alguns sintomas e sinais são mais característicos a um quadro que poderia indicar uma cirrose inicial, entre os quais podem ser observados sinais de vasos capilares vermelhos sobre a pele do abdome superior, as palmas das mãos vermelhas ou manchadas, incomodo na região do fígado.

Quando a cirrose atinge um grau maior os sinais e sintomas se tornam mais evidentes, podendo médicos e profissionais de saúde de varias especialidades suspeitar de um dano hepático elevado, os quais deveriam encaminhar o paciente para um médico especializado em problemas hepáticos. Entre os sinais mais diretamente relacionados que devem ser considerados como suspeita se destacam a ascite (barriga inchada) a batida do coração acelerada, gengivas sangrando, braços e parte superior do corpo perdendo massa muscular, sensação de mal estar (ressaca) após ingerir bebidas alcoólicas, confusão mental, vertigem, acumulação de fluidos nos tornozelos, pés e pernas (edema), queda do cabelo, perda do desejo sexual, lapsos de memória, febres e infecções freqüentes, câimbras nos músculos, dor do lado direito do ombro, dificuldade de respiração, urina escura, forma cambaleante ao caminhar e vômitos de sangue.

Esclarecendo que não são todos os sintomas que aparecem, mas sendo conveniente que ao observar uma pessoa que apresente um deles a recomendação deva ser a de procurar um médico para falar sobre a conveniência de exames da função hepática.

7 - Tratamento da cirrose?

O tratamento principal será o destinado a combater a causa da cirrose. Se a cirrose foi provocada pelo abuso de bebidas alcoólicas o tratamento inicial será evitar totalmente o álcool, se a causa e medicamentosa o medicamento deverá ser retirado, se foi provocada por um vírus será o vírus que deverá ser atacado e, assim para cada causa da cirrose. Conjuntamente devem ser tratadas as complicações da cirrose.

Se existe acumulação de fluidos no abdome (ascite) ou edema (retenção de líquidos nas pernas) a recomendação será evitar a ingestão de sal e provavelmente será administrado um diurético. Em casos severos o fluido acumulado poderá ser drenado por meio de uma pequena cirurgia.

Pressão na veia porta, nas veias secundarias do fígado e ate da pressão arterial elevada podem ser controladas com diversos medicamentos para controle da pressão, objetivando evitar hemorragias. Em alguns casos é necessário colocar um stent na veia porta para assegurar o fluxo.

Existindo varizes no esôfago o tratamento procura as eliminar ou evitar sangramentos (hemorragias) podendo ser colocados pequenos elásticos nas veias, a colocação de tipss ou pela administração de medicamentos.

Existindo infecções o paciente receberá antibióticos específicos para cada uma delas.

Acontecendo a encefalopatia medicamentos ajudam a diminuir os níveis das toxinas que ocasionam o sintoma. Os sinais da encefalopatia devem ser bem explicados para que o próprio paciente os possa identificar o mais precocemente possível e assim procurar assistência medica.

O transplante de fígado e o tratamento final. Quando a falência hepática e inevitável o transplante e o procedimento valido para evitar a morte do paciente.

8 - CUIDADOS:

Todo paciente com cirrose, em qualquer grau, deve passar por exames periódicos para verificar a possível formação de tumores cancerígenos, os quais, se diagnosticados ainda no inicio possuem tratamento e controle. Exames de imagem devem ser realizados periodicamente, acompanhados de exames de sangue que detectam proteínas especificas do câncer.